A sociedade se vê sem esperança e por isso a Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Estudos para o Novo Ordenamento Econômico, Administrativo, Social e Político do Tocantins (Cenovo) está discutindo os novos rumos do estado. Para o deputado Paulo Mourão (PT), que preside a Cenovo, o Tocantins passa pelo primeiro ciclo de mudanças, que acontecem em média a cada 25 anos na sociedade e por isso ele avaliou, durante a 11ª sessão itinerante realizada na Universidade Federal do Tocantins (UFT) em Tocantinópolis na última sexta-feira, 22, que este é o momento ideal para promover mudanças em busca do desenvolvimento do Tocantins e de toda sua população.
“O que está acontecendo no Tocantins é o primeiro ciclo de mudança. Criado em 1988, na reforma constitucional e agora já passamos pelo primeiro ciclo, que foi cheio de muitos debates e incertezas e este é o momento de planejar um futuro melhor para todos os tocantinenses”, destacou o deputado.
Com o momento de instabilidade política e econômica que o Brasil vive, Paulo Mourão lembrou que as prefeituras sofrem uma intensa pressão social. “A sociedade está aflita, pois após um período de bonança vivido no governo Lula, hoje se vê sem esperança e as prefeituras acabam precisando dar solução a todos os problemas que a sociedade vivencia”, alertou ao lembrar que a solução só será eficaz quando todos se unirem em prol do desenvolvimento, e no Tocantins não é diferente.
“Vemos uma situação de desequilíbrio financeiro grave no nosso Estado. É por isso que não temos tido qualidade nos serviços públicos de saúde, não temos tido qualidade na proteção da sociedade. A questão da segurança pública, falta investimento. Os hospitais em grande maioria faltando médicos, remédios, e os municípios sem poder fazer a atenção básica de saúde de forma a complementar esta ação. Quem sofre com isso é a sociedade e principalmente as pessoas mais pobres”, alertou o deputado.
Solução
O objetivo maior da Cenovo é entender as demandas da sociedade tocantinense e então sugerir ações dentro do Orçamento do Estado em busca da eficiência da aplicação dos recursos. “Este é um momento ímpar, inclusive da sociedade mudar a forma de fazer a visão sobre a política”, disse o deputado que defende a democracia como melhor processo. “Não existe no mundo processo que superou a democracia. A garantia dos direitos constitucionalmente constituídos, nada conseguiu superar, por isso estamos nesta missão de envolver o cidadão no planejamento do seu Estado”, pontuou.
Para Mourão é imprescindível que se tenha consciência dos atos de governo para que de fato eles atendam aos anseios da sociedade. Ele ressaltou ainda a importância das universidades no processo de construção de um novo agir. “As universidades participando do debate é a alternativa para formular os projetos que realmente gerem o desenvolvimento”, disse.
Neste sentido o deputado lembrou ainda a necessidade de priorizar a Educação. “Nos países desenvolvidos começaram a gerar emprego e felicidade e satisfação a partir do momento que estruturaram um projeto de educação. No Brasil ainda não acontece isso”, avaliou o deputado ao lembrar que o presidente Michel Temer (PMDB) retirou 18% do orçamento das universidades. “Como que nós vamos promover desenvolvimento em um mundo que já está na quarta revolução mundial, na era da tecnologia, sem investir em educação”, questionou Paulo Mourão.
Ele defende a formação dos profissionais da educação como forma de garantir condições de avançar. “Se formo melhor no ensino fundamental e médio tenho condições de promover o desenvolvimento do Brasil. Dependemos da educação para tudo”.
Participação
A Cenovo em Tocantinópolis contou com a participação de estudantes, professores, servidores públicos, classe empresarial, bem como o defensor Público Leonardo Coelho, que em seu pronunciamento colocou a honra da Defensoria Pública do Estado (DPE) de participar das Sessões. “Ambiente criado e proporcionado pela Assembleia para que possamos repensar o nosso Estado e Defensoria, incumbida de atender as pessoas mais carentes que batem à porta todo dia, não poderia deixar de estar presente e participar para poder ouvir a população tocantinense, para poder sentir os anseios do nosso povo e contribuir para o Tocantins que queremos viver”, argumentou o defensor.
O subprocurador-Geral de Justiça, José Omar de Almeida Júnior concordou com Paulo Mourão sobre o processo de mudança social e lembrou que essa mudança de ciclo acaba gerando problemas que afligem o povo, a cidadania. “Como a Cenovo vai ter um documento técnico e embasado pelo povo, vejo que assim vai poder dar um norte e mudar a situação que vivemos”, disse o subprocurador-Geral ao alertar que hoje no Estado existem 1058 obras paradas, o que representa um montante de R$ 3 bilhões esquecidos. “É um prejuízo imensurável e é preciso dar um basta nisso”, alertou.
Para o conselheiro vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Severiano Costandrade, a Cenovo representa o “ser novo” do Tocantins. “Temos que buscar ser transparentes e não vou me cansar de falar que o binômio estratégia e planejamento é a solução. Nesta cruzada pelo nosso Tocantins a Assembleia busca saber quais as reais necessidades do nosso Estado e assim nortear o orçamento para os anos vindouros”, disse ao avaliar que na atual revolução mundial onde a tecnologia fica cada vez mais presente, é preciso ter a modernização da gestão. “E esta comissão é o que precisávamos para impulsionar esse novo momento”, finalizou.