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Estado

Foto: Divulgação

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Segundo relatório anual do Serviço de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual (Savis) da Secretaria de Estado da Saúde divulgado esta semana, em 2017, foram registrados 1.213 atendimentos, dos quais 960 somam atendimentos ambulatoriais e 253 correspondem a admissões, ou seja, pessoas que procuraram o serviço pela primeira vez.

De acordo com a coordenadora do Savis, Zelma Moreira da Penha, se comparado ao ano de 2016, o ano de 2017 trouxe um aumento de 28,4% em novos atendimentos, “número que também pode ser interpretado como reflexo do estímulo à denúncia, do conhecimento e acesso das pessoas ao serviço”, pondera a coordenadora.

Dentro da avaliação do relatório, um dos pontos de atenção é a demora na procura de atendimento por parte das vítimas. Dos 253 novos atendimentos, somente 28 pessoas tomaram a profilaxia pós-exposição que é uma forma de prevenção da infecção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), inclusive HIV.

A administração do medicamento deve ser feita em até 72 horas do ocorrido, caso contrário, significa dizer que as pessoas estão em risco. Zelma explica que, sofrido o estupro, a mulher precisa procurar o hospital o mais rápido possível, sem tomar banho ou fazer qualquer higienização para não eliminar os vestígios da violência. “Aqui temos profissionais especializados que irão recebê-la e atendê-la com todo o respeito e cuidado, e o mais importante, de forma extremamente sigilosa”.

Ainda dentro das avaliações do relatório, a demora na procura de atendimento tem causado mais consequências. Dos 253 novos casos, 71 engravidaram, das quais somente 10 conseguiram ter acesso ao aborto previsto em Lei, aquele que pode ser realizado em até 20 semanas de gestação. “Um dos fatores que contribui para essa demora é que as violências têm acontecido muito mais dentro de casa do que na rua. E quando elas conseguem falar e procurar ajuda, o tempo hábil (20 semanas) para a realização do procedimento já transcorreu”.

Antes mesmo da opção do aborto previsto em Lei, a mulher tem o direito de receber a pílula de emergência que deve ser tomada em até cinco dias após o estupro. “Por isso, a extrema importância de procurar atendimento o mais rápido possível, quanto mais cedo, maior a eficácia do medicamento tanto para prevenção de DST quanto para evitar a gestação”, reforça Zelma.

Protocolo de atendimento

O Savis possui equipe de atendimento exclusiva está instalado no Hospital e Maternidade Dona Regina. Possui atendimento psicológico 24h, atendimento de médicos exclusivos do Savis, de segunda à sexta, de 7h às 19h.  No período noturno e fim de semana o atendimento médico é feito profissionais do Dona Regina. “Não importa o horário em que a violência tenha ocorrido, a mulher deve procurar o atendimento o mais rápido possível, mesmo antes de registrar o boletim de ocorrência, nossa equipe está pronta, em qualquer horário, para atendê-la”, explica Zelma.

De acordo com a coordenadora, o serviço receberá reforço com a cadeia de custódia que já está em fase de instalação no Hospital Dona Regina, local onde será feito o registro da ocorrência e coleta e guarda dos vestígios para busca mais efetiva do ofensor, uma forma de evitar que a vítima não peregrine entre diversos locais a fim de fazer uma denúncia.

A instalação da cadeia de custódia foi uma das propostas chanceladas pelo Governo do Estado durante o Fórum Estadual sobre Violência Sexual ocorrido em novembro do ano passado.