A Operação da Polícia Federal que resultou na prisão preventiva do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), e de seu pai, José Edmar de Brito Miranda, tem como objetivo desarticular organização criminosa envolvida em várias investigações da Polícia Federal, suspeita de manter um sofisticado esquema para a prática constante e reiterada de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais; sempre com o objetivo de acumular riquezas em detrimento dos cofres públicos. A operação ganhou o nome de “12º Trabalho”.
“Constatou-se que um núcleo familiar, composto por três pessoas influentes no meio político do Tocantins, sempre esteve no centro das investigações, com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa”, informou a Polícia Federal. A constatação foi feita após a realização de diversas outras operações, dentre elas, a “Reis do Gado”, “Marcapasso”, “Pontes de Papel”, “Convergência” e “Lava-Jato”.
O pai do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), José Edmar Brito Miranda, foi preso em um apartamento em Palmas. Já o irmão, José Edmar Brito Miranda Júnior, foi preso em Santana do Araguaia, no Pará.
A defesa de Marcelo Miranda informou que ainda não teve conhecimento do teor da decisão, razão pela qual ainda considera cedo manifestar-se sobre os autos. “Por enquanto estou sabendo mais pela mídia que pelos autos, tem um colega meu em Brasília tentando conseguir a decisão para nos manifestarmos”, disse o advogado Jair Alves Pereira.
Informações preliminares dão conta de que Marcelo Miranda e o pai serão trazidos para Palmas ainda nesta sexta-feira em um avião descaracterizado, para prestarem depoimento. Ainda não há informação sobre o horário de chegada.
Operação
A ação de hoje é resultado de um trabalho conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal.
Aproximadamente 70 policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas. Além da capital, tão são cumpridos mandados em Tocantínia, Tupirama e Araguaína; além de Goiânia (GO), Santana do Araguaia (PA), Sapucaia (PA) e São Felix do Xingu (PA).
Segundo a Polícia Federal, além da obtenção de novas provas, com a ação de hoje, busca-se também “interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro, uma vez que os investigados permanecem praticando atos de lavagem por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público”, informa.
O grupo teria continuado com as operações simuladas de comércio de gado de corte, empresas de fachada, construção e venda de imóveis para ocultar a origem e movimentação do dinheiro, mesmo após as investigações tornarem-se públicas.
Com o avanço das investigações, foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.
As provas reunidas na ação penal decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira orgânica e sistematizada, com divisão de tarefas, cujos atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes. Os investigados também agem no curso do processo, por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento.
Estima-se que a organização criminosa causou prejuízos da ordem de mais de 300 milhões de reais ao erário.
O nome da operação faz referência ao 12º Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.