O ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), se acorrentou à porta da Controladoria Geral da União (CGU) e iniciou greve de fome para exigir que seja atendido pelo superintendente do órgão no Tocantins, Leandro Alves da Cruz. Ele chegou às 5h desta segunda-feira, 27, na sede da CGU para exigir que o superintendente esclareça o desvio de cerca de R$ 15 milhões apontado pelo órgão em licitações fraudadas para aluguel de veículos da Prefeitura de Palmas durante a gestão de Amastha. Ele quer ser recebido pelo superintendente na presença da imprensa. “Eu tenho mecanismos econômicos e legais para desmontar essa operação. O juiz que está a cargo é uma pessoa extremamente séria e competente, que quando ter [sic] acesso ao que aconteceu, com certeza vai derrubar essa ação”, declarou Amastha.
Segundo o próprio ex-prefeito, Leandro Cruz se comprometeu a recebê-lo em seu gabinete na CGU mas ainda avalia se permitirá a presença da imprensa. Amastha diz ter documentos que comprovariam sua inocência a respeito das acusações e quer apresentá-las à CGU para que constem como provas. “Entregar a documentação que eu tenho na frente da imprensa e pedir que por favor tenha a humanidade, o bom senso, ver se realmente os documentos que eu entregar, mudam de alguma maneira o curso da investigação. Que ele anexasse isso em sua nota, que isso nos ajudaria sobremaneira”, afirmou.
Operação
Amastha é investigado pela CGU e Polícia Federal (PF) em uma operação conjunta que apura denúncias de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados à contratação de veículos para atender a Prefeitura de Palmas durante a gestão do ex-prefeito.
Deflagrada no último dia 21, a fase ostensiva da investigação, que recebeu o nome de Operação Carta Marcada, chegou a prender temporariamente 4 ex-secretários da Prefeitura de Palmas e outros 2 empresários que estariam envolvidos no suposto esquema.
A PF chegou a cumprir mandado de busca e apreensão em endereços ligados a Amastha e também ao ex-prefeito de Porto Nacional, Otoniel Andrade (PSDB), já que, de acordo com as investigações, Amastha teria feito um acordo com o ex-prefeito da cidade vizinha para que realizasse a ata de tomada de preços direcionada – para beneficiar uma determinada empresa - que posteriormente teria adesão da Prefeitura de Palmas.
Entenda o Esquema
A Operação Carta Marcada foi a fase ostensiva de uma investigação da Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU) que apura denúncias de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados à contratação de veículos para atender a Prefeitura de Palmas durante a gestão do ex-prefeito Carlos Amastha.
De acordo com as investigações, Amastha teria feito um acordo com o ex-prefeito de Porto Nacional, Otoniel Andrade (PSDB), para que a prefeitura da cidade vizinha realizasse uma licitação para contratar empresa de locação de veículos.
A Prefeitura de Porto, então, realizou a ata de tomada de preços para a qual três empresas se manifestaram interessadas. Segundo a PF e CGU, a licitação teria sido direcionada para beneficiar uma determinada empresa, já que apenas uma compareceu ao pregão. Além disso, constavam nas propostas das outras duas concorrentes, orçamentos com valores 2,3955% acima do valor apresentado pela vencedora.
Posteriormente, a Prefeitura de Palmas apenas aderiu à ata de registro de preços da Prefeitura de Porto Nacional, contratando, consequentemente, a mesma empresa vencedora da licitação direcionada. Entretanto, durante os 4 anos de vigência do contrato, a Prefeitura de Porto pagou cerca de R$ 470 mil, enquanto em Palmas os pagamentos passaram de R$ 24 milhões no mesmo período. Isso, segundo os órgãos de controle e investigação, evidenciaria que a licitação foi feita para beneficiar uma empresa específica a pedido da gestão Amastha.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em endereços ligados a Amastha e Otoniel. Segundo a PF, através do esquema o grupo teria desviado cerca de R$ 15 milhões. O ex-prefeito de Palmas nega as investigações.