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Cultura

Foto: Divulgação

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A Fundação Nacional de Artes – Funarte apresenta, nesta semana, mais dois espetáculos da região Norte no Festival de Teatro Virtual. Na quinta-feira, 16 de setembro, a partir das 18h30, será exibido Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha, do utc-4, indicado a maiores de 16 anos. A obra, lançada em 2018, agora fica disponível em vídeo, com perguntas como “existe o amor?” transformadas em cenas. No dia seguinte, no mesmo horário, será a vez da peça infantil Gibi, do grupo tocantinense Lamira Artes Cênicas. A montagem, que mistura teatro, dança e circo, ganhou a versão audiovisual após percorrer diversas cidades brasileiras desde a estreia, em 2012. Ela conta às aventuras de quatro palhaços, que têm as histórias em quadrinhos como ponto de partida.

A agenda do Festival de Teatro Virtual tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do País, voltadas ao público adulto e infantil. Um novo projeto é divulgado todas as quintas e sextas, até o final de outubro, sempre a partir das 18h30, no canal da Funarte no YouTube. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior no endereço eletrônico: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual.

Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha

Do Amazonas, o coletivo utc-4 traz para o festival o espetáculo Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha. Com direção de Fabiano de Freitas e atuação de Ana Oliveira, Carol Santa Ana, Dimas Mendonça e Dyego M., é indicado para maiores de 16 anos e tem 72 minutos de duração. O trabalho parte de perguntas “como existe amor?” e “quais os caminhos que se encontra para prosseguir?”. Não se propõe, contudo, a respondê-las, mas a transformá-las “na mais visceral e possível das cenas”: “porque é teatro e é sobre teatro”.

“Em um universo distópico, quatro atores, personagens de si mesmos, se encontram apenas para dizer. Mas eles não sabem como é que se começa. Eles só sabem que precisam dizer. Procuram palavras. Talvez elas não estejam ali, nem neste planeta, nem neste universo. Se há alguém do outro lado, esse alguém deixará que se diga alguma coisa? Esses atores se encontram no palco: o teatro é o lugar para se dizer. O que se diz no teatro deve ser visto”, diz trecho da sinopse da obra.

Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha tem um papel importante na trajetória do coletivo. Com estreia no início de 2018, marcou o retorno do trabalho de pesquisa do grupo, além de ser fruto de um intercâmbio com o diretor carioca Fabiano de Freitas. Na adaptação para o vídeo, o utc-4 buscou fidelidade ao universo do teatro.

“Para a gente, tem sido um enorme desafio trabalhar com a linguagem do teatro e a virtualização desse conteúdo. O teatro, na sua essência, necessita da presença, do encontro! Mas temos nos dedicado a estudar as diversas possibilidades que o ambiente virtual nos apresenta, buscando unir linguagens e técnicas do teatro, mas, também, do audiovisual, da videoarte e outros. Ainda é um caminho de muito estudo, mas cada nova experiência tem proporcionado bastante aprendizado e mudanças nos nossos trabalhos”, conta o ator Dyego M..

O ator também aponta para a possibilidade de intercâmbio entre os grupos e companhias sobre esta “nova” maneira de fazer teatro, proporcionada pelo evento. “É muito importante estar participando do Festival! Esta é uma iniciativa incrível da Funarte, que, neste momento caótico que estamos vivendo, ajuda a todos nós, profissionais da cultura e das artes”.

Gibi

De Tocantins, o Lamira Artes Cênicas apresenta Gibi. Misturando as artes do circo, da dança e do teatro, o espetáculo infantil tem 45 minutos de duração, com concepção de Carolina Galgane, coreografia de João Vicente e direção teatral de Fernando Yamamoto. Permeada de músicas eruditas, a obra conta as aventuras de quatro palhaços, que têm as histórias em quadrinhos como ponto de partida.

Gibi teve sua estreia em 2012 e circulou por diversos espaços culturais do País, com elenco e cenário maiores. Antes da pandemia, a companhia já estava com o desejo de reformular o trabalho, em adequação à composição atual e também para atender convites e espaços alternativos. Com o edital da Funarte, o grupo teve o estímulo para pensar e realizar o espetáculo no formato on-line, algo que era totalmente novo para eles.

“Tínhamos algumas ações on-line, mas não apresentações. Após o edital da Funarte, vieram outras experiências com o teatro virtual, mas o prêmio da Fundação foi o que propiciou o início dessa pesquisa, foi uma grande pérola, uma preciosidade. A Funarte iniciou esse caminho, principalmente para a região Norte”, declara Carolina Galgane, que também comenta sobre as dificuldades enfrentadas no início da pandemia: “Não sabíamos mais como seria fazer teatro neste novo universo. Então, quando saiu o prêmio, foi um certo alívio saber que nós poderíamos continuar fazendo teatro”.

Carolina Galgane reforça que a própria companhia surgiu, enquanto empresa legalmente constituída, por causa de um concurso da Funarte, ainda em 2009. “A Funarte faz parte da história da Lamira. Durante esses anos, participamos de outras ações da Fundação, o que nos ajudou a continuar existindo. Se não fosse a Funarte, a Lamira teria uma história muito diferente, muito menos colorida”, completa.

Sobre o Festival de Teatro Virtual da Funarte

A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias. “Ele foi elaborado em meio a pandemia como uma saída, uma alternativa de fomento à classe artística, contemplando não apenas os artistas, mas também os técnicos”, declara Renata Januzzi, coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte. Com o festival, a Fundação busca ainda estimular a democratização e acessibilidade à linguagem artística.

O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis gratuitamente para o público após a exibição.

Renata Januzzi ressalta a força histórica do teatro, que hoje enfrenta mais um desafio para se manter presente. “O teatro é uma arte milenar e vem sobrevivendo a diversas ameaças de extinção. Dentre elas, a tecnologia, que já foi uma dessas ameaças, surge agora como uma solução de fomento a uma linguagem tão artesanal.”

Programação do Teatro Virtual

O festival teve início em 5 de agosto com O Homem e a Mancha (SP), texto de Caio Fernando Abreu encenado pelo ator, professor, produtor e diretor Marcos Breda, com direção de Aimar Labaki e fotografia de Jacob Solitrenick. No dia seguinte, foi a vez de Zapato busca Sapato, da Trupe de Truões (MG), história para todas as idades sobre um “sapato recém-nascido”.

Na semana seguinte, foram exibidos A Casa de Farinha do Gonzagão e A Cripta de Poe, os dois de São Paulo, inspirados, respectivamente, no instrumentista, compositor e cantor Luiz Gonzaga e no escritor estadunidense Edgar Allan Poe. Logo após, foram disponibilizados Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro (RJ), de Maurício Lima; Ombela (PE), da companhia O Poste Soluções Luminosas; Salto (PE), do Bote de Teatro com a Janela Gestão de Projetos; Suelen, Nara, Ian (CE), do Pavilhão da Magnólia; Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo (MA), do Núcleo Atmosfera de Dança Teatro; Épico – Casa Tomada(BA), do Território Sirius Teatro com a Cia Improviso Salvador; Mar Acá (RR), da Ass. Cult. Art. Locômbia Teatro de Andanças; e A Borracheira (RO), da Associação Cultural O Imaginário.

Na semana que vem, o festival continua com a agenda da região Norte e inicia a programação com os grupos do Sul. Em seguida, serão exibidos os espetáculos do Centro-Oeste do País.