Aproximadamente 90% das mulheres da Etnia Xerente que vivem na Aldeia Porteira, em Tocantínia, não falam português, mas isso não foi um obstáculo para ação promovida em conjunto pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), Defensoria Pública (DPE-TO) e Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), que ocorreu nessa segunda-feira, 7, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.
Além da roda de conversa sobre violência contra a mulher com indígenas coordenada pela Gerência de Políticas e Proteção às Mulheres da Seciju, com a presença da Unidade Móvel, conhecida como Centro de Referência da Mulher Itinerante, também foi realizada a testagem para a identificação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) em 29 mulheres da Aldeia. Além disso, 30 cestas básicas e produtos de beleza foram distribuídas pela SSP.
Eliete Xerente, figura feminina influente na Aldeia, agradeceu pela ação e disse o quanto é necessária. “Quero agradecer à Seciju e a toda a equipe envolvida. Não tenho muitas palavras, só quero agradecer a vocês que tiveram essa iniciativa de vir junto com a delegada Ana Carolina para fazer essa ação que tanto precisamos. Estou muito feliz que vocês trouxeram esse trabalho, pois muitas vezes, nós, mulheres, não temos liberdade de conversar com o marido. Queremos que venham mais vezes, não só hoje. Tem que ter um caminho para trabalharmos em conjunto”, disse.
Unidades Móveis
As Unidades Móveis, ligadas à Diretoria de Direitos Humanos da Seciju, são centros de referência itinerantes que levam atendimentos individuais com defensoras públicas, advogadas, assistentes sociais e psicólogas, rodas de conversas, orientação sobre os direitos das mulheres, oficinas de inclusão produtiva para aquelas em situação de violência e exames rápidos.
A gerente de Políticas de Proteção à Mulher da Seciju, Flávia Laís Martins, ressaltou que em uma data importante como essa, é mais que necessário para levar informação sobre o tema. “Nossa parceria foi solicitada pela SSP para levarmos informações sobre violência contra a mulher e os canais de denúncia para mulheres indígenas. Essa é mais uma maneira de evitar que essas mulheres vivam ciclos de violência, e que as que estão vivendo saibam como pedir ajuda, sair e denunciar”, explicou.
Uma das responsáveis pela ação, a diretora de Polícia do Interior da Polícia Civil, Ana Carolina Marinho, pontuou que a ação faz parte da Operação Resguardo, voltada para a instrução de mulheres de comunidades não urbanas. “A Operação começou dia 7 de fevereiro e se estende até o dia 8 de março. Nesta ação, voltada para levar conhecimento sobre o tema a mulheres rurais, a Seciju veio fazer parte conosco. Esses trabalhos também precisam chegar para mulheres indígenas, muito presentes em todo o Tocantins”, ressaltou.