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Saúde

 Foto de Fuu J em unsplash.com

Imagine um comprimido quase mágico que pode ajudar uma pessoa com obesidade a perder mais de um décimo do seu peso em semanas. Há alguns anos, uma afirmação como essa poderia parecer boa demais para ser verdade, mas o comprimido oral para perda de peso está mais perto do mercado do que você imagina.

A Novo Nordisk, empresa farmacêutica conhecida pelo Ozempic, está trabalhando em um novo comprimido experimental para perda de peso chamado Amicretina para combater a obesidade. Os primeiros resultados sugerem que ele pode ajudar as pessoas a perderem mais peso do que os medicamentos injetáveis atuais para perda de peso, como Ozempic e Wegovy.

Em um estudo publicado no periódico médico europeu Diabetologia, a empresa afirmou que seu novo comprimido terapêutico para perda de peso pode ajudar indivíduos com sobrepeso a perderem em média 13% do peso corporal em apenas 12 semanas. Essa não é uma tarefa fácil para quem luta contra a obesidade ou busca perder o excesso de peso.

Resultados Promissores

O primeiro teste em humanos com Amicretina já chamou a atenção de especialistas e da comunidade médica. Os cientistas apresentaram os resultados na 60ª conferência anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabete (EASD), realizada em Madri, Espanha, de 9 a 13 de setembro.

Segundo a Novo Nordisk, o estudo de Fase I da Amicretina foi realizado ao longo de 12 semanas no primeiro trimestre de 2024 e envolveu um grupo de mulheres e homens não diabéticos com índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 39,9. Os participantes que tomaram uma dose dupla de 50 mg perderam uma média de 13,1% de seu peso corporal, enquanto aqueles que tomaram uma dose simples perderam 10,4%. Em comparação, o grupo placebo perdeu apenas 1,1%.

Em comparação com outros medicamentos, os resultados da Amicretina são praticamente extraordinários, quase dobrando os de outros medicamentos populares para perda de peso, como Mounjaro, Wegovy e Ozempic. Um estudo recente publicado no JAMA Internal Medicine descobriu que pacientes que usam Mounjaro, um medicamento injetável para perda de peso à base de Tirzepatida, perderam 5,9% de gordura corporal em um período similar de três meses, enquanto os pacientes que usam Ozempic perderam 3,6%.

Ter um medicamento oral quase duas vezes mais eficaz e, ao mesmo tempo, seguro como os injetáveis GLP-1 atualmente no mercado pode ser um salva-vidas para pessoas com obesidade. O momento não poderia ser melhor, visto que a taxa de obesidade grave quase dobrou, com mais de dois quintos dos adultos americanos agora obesos, de acordo com as últimas estatísticas disponíveis do CDC. No Brasil, a situação também é preocupante, com o índice de obesidade atingindo 22,4% da população adulta, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.

O que é a Amicretina e como funciona?

A Amicretina não é um comprimido comum para perda de peso. É um medicamento de dupla ação que imita os efeitos de dois hormônios importantes: o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e a amilina. Pense nisso como um golpe duplo contra o excesso de peso.

O GLP-1 ajuda a regular o apetite e os níveis de açúcar no sangue. Por conta disso, os medicamentos agonistas do GLP-1 são geralmente aprovados para o tratamento da diabete tipo 2. Isso porque eles retardam a digestão, ajudam o corpo a processar a glicose de forma mais eficaz e aumentam a sensação de saciedade.

Em sua essência, a amilina trabalha em conjunto com a insulina, ambos produzidos pelo pâncreas. Eles se unem para regular os níveis de açúcar no sangue, retardar o esvaziamento do estômago e reduzir o consumo excessivo de alimentos, promovendo a saciedade.

Juntos, o GLP-1 e a amilina apresentam uma abordagem em duas frentes para a perda de peso. Assim, medicamentos como a Amicretina ajudam a reduzir o apetite e a ingestão de alimentos, além de melhorar o metabolismo e o controle do açúcar no sangue.

Ao contrário de seus primos Ozempic e Wegovy, que são injetáveis, a Amicretina vem em forma de comprimido. Isso pode ser literalmente o que o médico receitou para pessoas que não são fãs de agulhas (e sejamos realistas, quem é?).

Mais testes são necessários

Como questão de segurança pública, todas as empresas em setores altamente regulamentados devem aderir a um conjunto rigoroso de regulamentos e procedimentos. Empresas que fornecem jogos de cassino online ou equipamentos de telecomunicações, por exemplo, devem conduzir testes rigorosos de segurança, justiça e conformidade antes que seus produtos possam ser aprovados. O mesmo vale para a Novo Nordisk, e a empresa farmacêutica já concluiu a primeira etapa para a aprovação da Amicretina.

O ensaio clínico de Fase I da Amicretina mostrou uma redução de peso inédita no setor entre os participantes com sobrepeso durante um período de teste de três meses. Embora os resultados sejam dignos de comemoração, é importante notar que este é apenas o começo. A Amicretina ainda deve passar por ensaios de Fase II e III maiores e mais rigorosos antes que o comprimido possa ser considerado para aprovação pela FDA e outras agências reguladoras de saúde, incluindo a ANVISA no Brasil.

E os efeitos colaterais?

O processo de aprovação de medicamentos pela FDA geralmente leva vários anos, senão décadas. Mas, dada a necessidade urgente de tratamentos convenientes e eficazes para a obesidade na América, há uma chance da Amicretina ter um processo acelerado se continuar a mostrar resultados fortes e um bom perfil de segurança nas próximas duas fases de ensaios clínicos. No Brasil, a aprovação pela ANVISA também segue um processo rigoroso, que pode ser acelerado em casos de necessidade pública comprovada.

No entanto, como acontece com qualquer medicamento, é importante que tanto os pacientes quanto os médicos conheçam os possíveis efeitos colaterais. Conforme relatado pela Reuters, a Novo Nordisk confirmou que a Amicretina foi considerada segura e tolerável, com efeitos colaterais leves a moderados, semelhantes aos de outros tratamentos baseados em GLP-1. Os efeitos colaterais mais comuns foram problemas gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia, além de dores de cabeça e fadiga.

Conclusão

A Amicretina ainda está em fase experimental, mas já desperta grande entusiasmo nas comunidades de saúde e perda de peso. No entanto, seus resultados promissores são baseados em um estudo pequeno e de curto prazo. Ensaios maiores e de longo prazo serão necessários para entender completamente seu perfil de efeitos colaterais, particularmente sua segurança a longo prazo. A expectativa é que, caso os resultados positivos se confirmem, possa se tornar uma nova opção no tratamento da obesidade, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, contribuindo para o combate a essa doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.