O Assentamento Onalício Barros e o Acampamento Beatriz Bandeira, localizados em Caseara/TO, na APA Ilha Bananal/Cantão, foram cenário no último sábado, 21 de dezembro, de uma atividade marcante que consolidou as etapas finais do Projeto Jovem Cerrado. Coordenado pela Associação Onça D’água, o projeto promoveu a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e o fortalecimento de quintais produtivos, valorizando saberes agroecológicos e reafirmando o compromisso com a conservação do Cerrado e a com a produção sustentável das comunidades locais
Caylane Souza, jovem liderança de Porto Nacional, explicou como o SAF pode ser um instrumento de transformação ambiental e social. Ela ressaltou que a técnica possibilita regenerar áreas degradadas e melhorar a qualidade de vida das comunidades. “Com o SAF, recuperamos o solo, enriquecemos a microbiota e transformamos o microclima. É gratificante compartilhar esses conhecimentos com a comunidade, vendo as mudanças concretas que ele proporciona”, aponta.
Para Geniffe Kariny, jovem liderança do Assentamento Onalício Barros, a chegada do SAF representa mais do que uma técnica sustentável — é uma forma de repensar a interação com o meio ambiente. Ela destacou o impacto da iniciativa em uma região cercada pelo agronegócio, caracterizada por monocultura em grande escala. “Essa iniciativa traz uma nova forma de interagir com o meio ambiente. Trabalhar em equipe, envolvendo jovens e adultos, reforça o protagonismo comunitário e a consciência ambiental que tanto precisamos”, compartilha.
A jovem Nathalia Sales, do Acampamento Beatriz Bandeira, trouxe à tona o papel essencial da juventude no projeto. Ela enfatizou que a vivência prática é um aprendizado que servirá como base para iniciativas futuras. “Com essa vivência, estamos mais confiantes para implementar outras ações no próximo ano. É uma oportunidade de ampliar o impacto do desenvolvimento sustentável em nossa comunidade”, diz.
Lidejane Lopes, presidente da Associação de Mulheres Agroextrativistas da APA Cantão (AMA Cantão), compartilhou sua satisfação em ver como o SAF pode trazer resultados concretos mesmo em pequenos espaços. Ela destacou que o sistema é acessível e de alta produtividade, permitindo a organização de diversas culturas, como mangaba, banana, mandioca, açafrão e feijão. “Trabalhar coletivamente foi uma experiência enriquecedora. O SAF mostrou que com organização e baixo custo podemos transformar pequenas áreas em grandes oportunidades”.
Já Ana Lúcia Rodrigues, moradora do Assentamento Onalício Barros, presidente da Associação Antonio Francisco Brasil, e militante do MST Tocantins, refletiu sobre como o trabalho coletivo e a prática do SAF trouxeram novas perspectivas para a comunidade. Segundo ela, o aprendizado ajudou a superar medos e encorajou a todos a acreditar na viabilidade da técnica. “Antes, parecia impossível implementar um SAF, mas hoje vimos que, com união, é totalmente viável. A juventude nos inspira e nos dá certeza de que estamos construindo um futuro promissor para todos”, destaca.
O evento, realizado na Área de Proteção Ambiental Ilha do Bananal/Cantão, contou com o apoio do Fundo Casa Socioambiental e colaboração da Coalizão Vozes do Tocantins e da AMA Cantão. A iniciativa foi além da técnica, fortalecendo o protagonismo comunitário e destacando a juventude como agentes de transformação.