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Tecnologia

Foto: Divulgação

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O ano de 2025 começou movimentado na área de tecnologia. O governo dos Estados Unidos anunciou novas regras que podem dificultar o desenvolvimento de Inteligência Artificial pelo Brasil. O documento traz limites de cotas para o acesso a chips de computador e tecnologias para o desenvolvimento de IA, sendo três categorias: acesso ilimitado, acesso limitado e proibido. 

Na lista do acesso ilimitado, são 18 países aliados aos EUA, que terão acesso, entre eles: Reino Unido, Japão, Alemanha e a maior parte da Europa, Coreia do Sul, Austrália e Taiwan. Assim como no restante do mundo, o Brasil, a Índia e alguns membros da Otan, como a Polônia, entram no grupo dois, com controles intermediários de acesso à tecnologia.

Com a restrição, as empresas desses países não podem importar mais de 1,7 mil GPUs por ano. Como consequência, os projetos para o desenvolvimento de novos modelos de IA podem ficar pelo caminho. Já na lista de países proibidos, constam a China, Rússia, Irã e a Venezuela. 

Esse cenário levanta um ponto estratégico para o Brasil: de que forma podemos continuar a crescer e desenvolver a nossa própria indústria de IA, ao mesmo tempo em que esteja alinhada aos avanços globais sem dependermos exclusivamente de fornecedores externos?

Ainda que não pareça uma resposta simples, existem alternativas. O primeiro movimento é o fortalecimento da inovação local, com investimentos robustos em pesquisa, incentivos às universidades e centros de pesquisa para aprofundamento em IA, assim como o fomento ao empreendedorismo e criação de novas startups.

O País possui um grande potencial nesse campo, com uma boa geração de talentos e infraestrutura tecnológica, que embora tenha seus desafios, está em constante evolução. Para se ter uma ideia, somente de janeiro a setembro de 2024, o Governo Federal anunciou por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mais de R$ 5,9 bilhões para investimentos em tecnologias inovadoras.

Além disso, há programas de aceleração desenvolvidos pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e tantas outras iniciativas do setor privado e organizações sem fins lucrativos que são um caminho promissor. 

A meu ver, embora as novas regulamentações americanas imponham  desafios, elas também oferecem uma oportunidade para o país repensar a sua estratégia de desenvolvimento de IA, alinhando políticas públicas, educação, inovação tecnológica e fortalecimento de parcerias entre os setores público, privado e ONGS (Organizações Não-Governamentais)  para enfrentar as barreiras e aproveitar o que surge nesse cenário dinâmico. 

*Fernando Wolff é CEO e Sócio-fundador da Tech4Humans, uma startup com duas áreas de negócios: SaaS e AIaaS.