O início do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos já provoca fortes impactos na economia mundial — especialmente nas cadeias logísticas globais. Com políticas protecionistas cada vez mais rígidas, como a imposição de tarifas comerciais e o fortalecimento da agenda “America First”, o cenário se torna desafiador para empresas de diversos setores, incluindo as brasileiras.
A disputa comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelo chamado “tarifaço”, já mostra efeitos concretos nas operações logísticas em todo o mundo — mas também pode abrir novas oportunidades para o Brasil.
Para Fernando Balbino, diretor da área Internacional da IBL World – grupo com atuação internacional em logística e base própria na cidade de Miami, nos Estados Unidos - os efeitos da guerra comercial são duros para ambos os lados. “A China é uma grande fornecedora de insumos essenciais, enquanto os Estados Unidos são altamente dependentes desses materiais, especialmente terras raras e metais estratégicos. Essa tensão não favorece nenhum dos envolvidos”, explica.
Segundo o executivo, o Brasil também foi impactado, com a imposição de uma tarifa de 10% sobre o aço. No entanto, ainda há capacidade de absorção dentro da cadeia. “O setor siderúrgico sente os efeitos, mas há margem para manobra. Um movimento que já está em pauta é a transferência de parte da produção chinesa para o Brasil, com posterior exportação a partir do nosso território”, reforça Balbino.
Essa reorganização das rotas logísticas já tem reflexos diretos nas operações do Grupo IBL – companhia que oferece serviços de transporte aéreo para cargas de diversos segmentos, com foco principal nos setores farmacêutico, eletrônico e alimentício – e que há dois anos anunciou a sua entrada no mercado internacional com a IBL World.
Com a proposta de abranger as operações completas como a conhecida “door to door”, elas contam com cinco bases operacionais para atender mais de 190 países, oferecendo uma cobertura global, consolidação de cargas, distribuição, armazenamento e carga projeto. Assim, a companhia passou a ofertar uma capacidade de estrutura em uma cadeia logística moldada e personalizada a cada necessidade. Entre os atributos ofertados pela companhia nesta área estão o breakbulk, Ro-ro, containers FCL e LCL.
Com toda essa movimentação, aponta o diretor que os embarques da China para os EUA foram suspensos. “As reservas de voos e navios foram canceladas, e os estoques dos fabricantes chineses estão elevados. Com nossa base em Miami, sentimos o impacto imediato: o volume simplesmente desapareceu”, relata.
Diante desse cenário, a IBL World passou a ser procurada por empresas chinesas interessadas em utilizar o Brasil como plataforma estratégica para armazenamento e distribuição de produtos na América Latina — e, eventualmente, até para reexportação.
“Estão nos buscando para estruturar um hub logístico no Brasil. Essa é uma grande oportunidade para o país se posicionar como elo fundamental nas novas cadeias globais de abastecimento”, avalia.
A expectativa da IBL é aprofundar essas negociações durante a Intermodal South America 2025, principal feira do setor (que acontece entre os dias 22 a 24 de abril, em São Paulo), além de encontros estratégicos organizados pela própria empresa. “O Brasil tem tudo para assumir um papel central na reconfiguração do comércio internacional. Estamos preparados para liderar essa transformação”, conclui Balbino.
Sobre o Grupo IBL - O Grupo IBL é um operador logístico que, desde 1999, oferece soluções integradas para diferentes setores da economia. Presente em todos os modais, atua com operações inbound e outbound em pontos estratégicos do país. Sua matriz está localizada em Guarulhos (SP), e a empresa conta com 10 unidades operacionais distribuídas em Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Itajaí (SC), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG) e Sumaré (SP). (Predicado/AI)