É no período caracterizado por chuvas e tempo ensolarado alternados que a circulação de múltiplos vírus se intensifica. E são eles os responsáveis pelo recorte de busca acima da média no Pronto Atendimento Infantil (PAI), com mais de 14 mil atendimentos registrados nos meses de março, abril e maio.
“Os surtos de quadros infecciosos em crianças neste ano têm ‘nome e sobrenome’. Podemos listar ao menos seis tipos de vírus em ampla circulação: sincicial respiratório, Influenza A e B, rinovírus, adenovírus e norovírus”, comenta a Dra. Elena Medrado, diretora técnica do PAI e médica pediatra.
Quadros associados e maior gravidade
O que chama atenção, além da quantidade, é a intensidade dos quadros que o atendimento de urgência tem recebido. Segundo a médica, os casos estão relacionados com mais de um tipo de vírus atuando ao mesmo tempo no organismo. “Estão havendo quadros com coinfecção, ou seja, a criança está com dois tipos de vírus causando quadros fortes. Um exemplo disso são os casos gastrointestinais com sintomas gripais em conjunto”, explica.
A pediatra também ressalta que é natural que o corpo fique mais debilitado, combatendo mais patógenos, mas que os pais devem estar atentos na persistência dos sintomas ou piora rápida do quadro. “Crianças menores de dois anos são pontos de atenção, além disso, as imunossuprimidas ou com infecção recorrente e reincidente também precisam ser monitoradas. E os pais não podem esperar muito para buscar atendimento, percebendo qualquer piora expressiva”, orienta.
Sinais e sintomas de alerta para urgência
A orientação é que, na presença dos seguintes sinais e sintomas, os pais ou responsáveis devem buscar atendimento de urgência imediatamente:
Respiração acelerada ou com esforço, ou seja, costelas marcando e batimento nasal;
Lábios arroxeados;
Febre alta e persistente por mais de 72 horas;
Vômitos intensos e recusa alimentar;
Prostração, sonolência excessiva, irritabilidade constante;
Diarreia com sinais de desidratação, como boca seca e olhos fundos;
Tosse incessante, chiado no peito e piora progressiva.
Vacinação deve estar em dia
A baixa cobertura vacinal contra Influenza, de acordo com a pediatra, é um fator importante para a alta disseminação de doenças, como a gripe, por exemplo. “Crianças devem estar com o calendário de vacinação em dia, inclusive com o reforço anual para a Influenza. Qualquer quadro infeccioso, inicialmente desencadeado por um vírus, pode causar infecções bacterianas secundárias, e temos visto muito isso com os quadros de pneumonia graves”, acrescenta.
Além disso, a Dra. Elena recomenda que, em quadros leves, o ideal é manter os ambientes arejados, hidratação contínua de líquidos claros, uso de antitérmicos orientado por um médico e que mães lactantes mantenham a amamentação mesmo que estejam gripadas.
“O leite materno fornece os anticorpos da mãe para o bebê, então é aconselhado manter a amamentação, mesmo se a mãe estiver doente. Mas é importante adotar medidas para evitar o contágio, como o uso de máscaras e lavagem das mãos com frequência”, finaliza.