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Mundo Pet

Foto: Divulgação CEUB

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Eles percebem quando o silêncio se alonga e o corpo perde a firmeza. Aproximam-se, oferecem presença e ajudam a transformar a rotina de quem convive com limitações físicas ou transtornos emocionais. A relação entre humanos e animais vai além da companhia cotidiana, pois muitos deles atuam diretamente na promoção da saúde. Mas qual a diferença entre os animais de serviço, os de suporte emocional e os de terapia?

Fabiana Volkweis, professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica que a distinção é essencial para entender quais são os direitos dos tutores, o alcance da legislação e as condições de bem-estar dos próprios animais. A categoria mais conhecida é a dos animais de serviço, que reúne os cães-guia, fundamentais para pessoas com deficiência visual. “Temos também cães treinados para operações com policiais, bombeiros, os que ajudam na audição, na mobilidade, no reconhecimento de crises, como convulsões ou queda de glicemia”, detalha a docente.

Esses animais exercem funções específicas e, por isso, são considerados profissionais em atividade. O treinamento rigoroso garante preparo para atuar em diferentes situações e a legislação assegura que possam acessar ambientes públicos e privados. O transporte em ônibus, aviões, a presença em escolas, hospitais ou restaurantes são direitos reconhecidos por lei. Fabiana observa que “eles são considerados cães de trabalho. Passam por um preparo rigoroso, porque realizam funções muito específicas”.

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Os animais de suporte emocional, por sua vez, não passam por treinamento técnico. Nesse caso, a força da relação está no vínculo entre tutor e pet, que atua como apoio em situações de ansiedade, depressão ou outros transtornos emocionais. Podem ser cães, gatos ou mesmo animais de outras espécies. O papel central é oferecer acolhimento, sensação de segurança e apoio emocional.

No Brasil, a legislação sobre suporte emocional ainda está em construção. Algumas companhias aéreas autorizam a presença dos animais em voos mediante apresentação de laudo médico e atestado veterinário atualizado, mas não há obrigatoriedade geral. Em maio de 2025, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que animais de suporte emocional não têm os mesmos direitos legais dos cães de serviço, especialmente no transporte aéreo. A decisão expôs a necessidade de normas claras para resguardar tanto os tutores quanto os animais.

Já os animais de terapia atuam em visitas programadas a hospitais, escolas, lares de idosos ou centros de reabilitação. Diferem dos animais de suporte emocional por estarem vinculados a atividades coletivas, conduzidas sob supervisão de profissionais da saúde. O objetivo é promover bem-estar, estimular processos de socialização e colaborar em tratamentos de saúde física ou psicológica. Esses animais não recebem treinamento técnico como os cães de serviço, mas são selecionados por seu comportamento e pela capacidade de adaptação a diferentes ambientes.

A expansão dessas práticas levanta uma questão central: o bem-estar dos próprios animais. A professora Fabiana chama atenção para os cuidados necessários. Todo animal que atua em qualquer uma dessas funções precisa de alimentação adequada, acompanhamento veterinário, vacinas, descanso e, sobretudo, respeito aos limites de sua condição. Ela alerta ainda para o risco da sobrecarga: quando expostos a ambientes agitados ou a interações constantes, podem demonstrar sinais de estresse ou cansaço. Cabe aos humanos reconhecerem esses sinais e assegurar momentos de tranquilidade.

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O crescimento da presença desses animais em diferentes contextos torna evidente a importância de compreender suas funções distintas. Enquanto os de serviço têm respaldo legal e funções técnicas, os de suporte emocional oferecem apoio afetivo em relações individuais, e os de terapia participam de atividades coletivas supervisionadas. A clareza dessas diferenças é fundamental não apenas para os direitos de acesso a espaços e serviços, mas para a preservação da saúde dos próprios animais.

Assim, o vínculo entre humanos e animais assume papéis variados, sempre atravessados pela necessidade de cuidado e respeito mútuo. Reconhecer essas diferenças permite que cada categoria seja valorizada dentro de suas possibilidades, garantindo benefícios tanto para as pessoas quanto para os animais envolvidos.