Localizado a 126km de Palmas, na zona rural do município de Divinópolis, o Apiário Natureza, de propriedade do senhor Eloir, é um exemplo de que a produtividade pode estar associada a preocupação com o meio ambiente.
Desde 1997, no Projeto Assentamento Rio Prata, Eloir Francisco da Rosa, casado e pai de duas meninas, trabalha com a criação de colméias. A idéia de se tornar apicultor veio quando ele fez o primeiro financiamento, na época, o PROCERA – Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária.
No início, eram 20 caixas de abelhas. Atualmente, são 80, que em sua maioria estão em reservas legais de outros pequenos agricultores. A apicultura despertou nele um desejo de ajudar no combate a queimadas, desmatamento e poluição dos rios. Até porque, a qualidade do mel depende do meio onde as abelhas vivem. Quanto mais harmônico for o ambiente, melhor será o mel produzido.
Em sua chácara, Eloir mantém árvores nativas, como as de pequi, e cerca de 10 hectares de floresta densa intacta. Além disso, tem o cuidado de não colocar suas caixas de abelhas próximas a lavouras, por causa dos agrotóxicos que, porventura, possam estar na plantação de outros agricultores.
Esses procedimentos asseguram ao mel e a própolis sabor e grande valor nutricional. Prova disso, é sua produção de 1200kg/ano, que é vendida em forma de sachê e vasilhames de vários tamanhos, para o comércio local e cooperativas. No atacado, cada quilo sai a R,00 e no varejo a R,00, um investimento mínimo, quando comparado aos sais minerais e vitaminas oferecidas pelo alimento.
Para qualificar o agricultor familiar e incentivar a atividade, o governo do Estado, por meio do Ruraltins – Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins, promoveu cursos de apicultura, na região. As aulas práticas do último foram, inclusive, na chácara do senhor Eloir. "O Eloir é um exemplo de desenvolvimento sustentável e um grande difusor da apicultura aqui em Divinópolis", afirma Wilton Moreira Borges, chefe do escritório local do Ruraltins.
A importância do associativismo
Presidente da associação Rio Prata, Vice-presidente da Associação de Apicultores de Dois Irmãos e suplente na Diretoria dos Trabalhadores (as) Rurais de Divinópolis, Eloir ressalta as vantagens das associações e cooperativas no fortalecimento da apicultura. "Quando iniciei a coleta do mel, não existia nenhuma associação, então gastei quase R.000,00 na aquisição dos equipamentos (mesa desoperculadora, garfo desorpeculador, centrífuga e decantador). Hoje, os associados já podem utilizar os equipamentos da Associação, sem nenhum custo".
Outro benefício para os associados, segundo ele, é a compra de vasilhames, para o armazenamento do mel, a preços mais baixos, o que reduz os custos da produção e resulta em um mel com preço mais competitivo. Sem falar que, unidos, os apicultores da região têm mais condições para buscar melhorias para a classe e conseguir mercado fixo para os produtos – um dos problemas enfrentados.
Mel na alimentação
O pensamento de que mel é remédio está cada vez mais obsoleto, segundo a nutricionista Rafaela Magalhães, da Clínica Cemedi, em Palmas. A nutricionista afirma que há pesquisas recentes comprovando os benefícios do alimento para a saúde humana, mas adverte que ele é tão calórico quanto o açúcar refinado, devendo ser evitado por quem está em dieta ou é diabético.
A nutricionista Gisele Pontaroli Raymundo acrescenta que o mel é um excelente energético, bactericida, anti-séptico, anti-reumático, vasodilatador, diurético, digestivo, hiperglicêmico, tonificante, antiespasmódico, sedativo, vermífugo, entre outros. Estudos mostram que ele é um bom coadjuvante no tratamento de problemas pulmonares, da garganta, do coração e da visão. Também tonifica e rejuvenesce a pele e os músculos. Há vários produtos de beleza à base de mel, como xampus, cremes e hidratantes.
A própolis, substância resinosa coletada por abelhas em diversas partes das plantas, é um esterilizante natural, que protege a colméia de corpos estranhos e epidemias, garante Eloir. No meio social, desde a antiguidade, ela é usada de forma terapêutica. Os egípcios a utilizavam como bactericida e para embalsamar suas múmias; na atualidade é usada como um antibiótico natural.
Fonte: Assessoria de Imprensa Ruraltins