O líder da etnia Javaé, cacique Darci Javaé, 44, comentou ao Conexão Tocantins sobre as mortes de quatro jovens indígenas de três comunidades nas últimas semanas. Os casos preocupam as famílias, segundo relatou, que buscam ajuda urgente para evitar mais mortes. “Estamos muito preocupados estamos procurando apoio das autoridades para levar palestras e nos ajudar”, frisou.
Segundo ele, o medo cresce entre os pais e as famílias estão tendo que “vigiar” os jovens e adolescentes. Conforme o cacique contou outros jovens também já apresentam sintomas de depressão e deixam os pais assustados. “A comunidade está muito comovida”, acrescentou.
A menina que faleceu no início da semana na aldeia do cacique tinha 13 anos e atentou contra a própria vida após discussão com a mãe. Os outros casos de mortes também foram antecedidos de conflitos ou discussões com os pais, segundo o cacique.
O cacique explicou que todos os jovens mortos estudavam na comunidade e tinham pouco contato fora da aldeia mas ainda assim a tecnologia não deixa de chegar até a aldeia o que acaba influenciando o comportamento dos jovens. “A civilização está chegando na aldeia e temos que lidar com isso, um rapaz por exemplo que pediu um celular para os pais e ficou chateado por que não ganhou”, relata. O cacique confirmou ainda que os jovens devem estar passando por um conflito de ordem cultural e que isso se agrava com a falta de atividades na comunidade.
Caciques de todas as aldeias, pajés e outras lideranças se reuniram para pedir ajuda à Funai e outros órgãos para dar assistência aos indígenas. “Os jovens estão de cabeça vazia”, disse.
A Funai descartou envolvimento dos jovens que morreram com drogas e álcool, mas o cacique admitiu que há sim alguns casos de alcoolismo que afetam a vida dos jovens na aldeia.
Mortes
Como o Conexão Tocantins adiantou na manhã de hoje foram confirmadas mais mortes de jovens indígenas em três aldeias Javaés em Formoso do Araguaia no Tocantins: Aldeias São João, Canoanã e Txuiru. Os casos serão investigados. Um grupo composto por representantes de órgãos, inclusive a Secretaria Estadual de Defesa Social, deverão verificar a situação in loco.
O Assessor Executivo para Assuntos Indígenas, Kohalue Karajá afirmou ao Conexão Tocantins que vai buscar o apoio do Ministério Público para ajudar as aldeias. As mortes registradas são entre jovens de 14 a 17 anos. A primeira morte foi no dia 18 de maio, a segunda no dia 27 e a mais recente dia 2 de junho.