Kátia Abreu (PMDB) tomou posse ao Ministério da Agricultura na última segunda-feira, 05 e sofre duras críticas de setores envolvidos com temas fundiários por sua declaração sobre a reforma agrária e a questão indígena.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a ministra afirmou que o Brasil não tem mais latifúndios e que os indígenas "saíram da floresta" e passaram a descer nas áreas de produção". A ex-senadora também criticou invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e ainda teria sugerido que já não há grandes propriedades improdutivas e concentração de terra no Brasil.
Sobre a sugestão, o professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor sênior de geografia da USP afirmou em entrevista a Folha de S. Paulo que a ministra errou na sugestão de não haver grandes propriedades improdutivas e concentração de terras no País. O professor, inclusive, citou números do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mostrando a existência de de 196 imóveis com áreas acima de 100 mil hectares no País, somando 66,4 milhões de hectares.
O professor ainda citou que há várias propriedades declaradas improdutivas pelo Incra e disse que as argumentações de Kátia Abreu são equívocos.
O historiador terena Wanderley Dias Cardoso saiu em defesa dos indígenas (no caso do Mato Grosso do Sul) e afirmou que eles não viviam em florestas mais em pequenas reservas demarcadas pelo Estado. Segundo o historiador, o que se vê na prática é que outros órgãos, como o Ministério da Agricultura, tem, segundo ele, mais força política para falar sobre o assunto do que a Funai que é o órgão indigenista. Segundo ele, o cenário não é animador.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra também fez duras críticas a Kátia Abreu. A ministra foi, inclusive, tachada de latifundiária pelo coordenador e que devia tomar aulas sobre o campo. Segundo o coordenador do MST, Alexandre Conceição, uma ministra não deve falar "tanta besteira" devia conhecer o País em que vive. (Com informações Folha de S. Paulo)