Viajaram para São Paulo/SP neste último domingo, 5, os primeiro profissionais do Tocantins que serão capacitados no Hospital do Coração (HCor) para implantação do serviço de cirurgia cardíaca neonatal e pediátrica no Estado. A capacitação é mais uma etapa do projeto do Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Saúde, que visa acabar com as transferências de crianças para cirurgias de coração em outros estados.
Até o mês de novembro, 30 multiprofissionais, entre fisioterapeutas, enfermeiros, intensivistas e cirurgiões, passarão por capacitação no HCor e serão responsáveis por serem multiplicadores do conhecimento para as demais equipes do Estado. No último sábado, 04, em Palmas, os profissionais que atuam nos hospitais e técnicos da Saúde estiveram reunidos para acertar os últimos detalhes do projeto. Na ocasião, o secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, reforçou que a implantação do serviço no Tocantins é uma determinação do governador Marcelo Miranda.
“As crianças precisam do serviço, os profissionais querem e o Governo do Estado também. Juntos vamos conseguir. Estamos dando um grande passo com a parceria firmada com Ministério da Saúde. Nossos profissionais serão qualificados em uma das mais importantes instituições do País neste tipo de cirurgia e este projeto vai possibilitar que iniciemos aqui no Estado um serviço com a máxima segurança”, explicou o secretário.
O coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital Dona Regina e Hospital Infantil de Palmas, Rogério José Ferreira, compartilhou a satisfação da equipe da Cardiologia do Estado. “Sem dúvidas, o passo que estamos dando é gigantesco e nos enche de alegria. Estou no Estado há 14 anos e vivo juntamente com as famílias a angústia que enfrentam quando precisam desse serviço. A dificuldade é muito grande até para conseguir vaga fora do Estado e, com o serviço aqui, vamos poder atender não só o Tocantins, mas a região Norte do País”, reforçou.
Ricardo Rabelo, ecocardiografista pediátrico do Hospital Geral de Palmas (HGP), faz parte do primeiro grupo que será capacitado HCor, e destacou que as expectativas para a qualificação são “as melhores possíveis”. “Estamos todos muito felizes com essa oportunidade e a intenção é montar o serviço para que possamos resolver o problema das cardiopatias congênitas aqui mesmo no Tocantins. Trata-se de pacientes graves que necessitam de um atendimento ágil para um melhor prognóstico e resultado cirúrgico”, informou.
Cenário atual
Atualmente, em razão da complexidade dos problemas de coração em recém-nascidos e crianças, os pacientes que necessitam de cirurgia cardíaca são encaminhados para outros estados por meio do Cadastro Nacional de Regulação de Alta Complexidade (Cnrac), que atua na identificação de vagas em centros especializados do País.
“Esse fluxo é uma dificuldade imensa porque, para ser mandada pra fora, a criança tem quer ser cadastrada na Central e nessa regulação a busca por vaga é muito difícil, os outros estados não querem receber, pois também têm suas demandas. E quando se consegue vaga, a criança tem que ir de UTI aérea, a família tem que se deslocar para outro estado, é um drama. Nossa vontade é que tudo isso possa ser feito aqui”, disse o coordenador do projeto e cirurgião cardiovascular do HGP, Henrique Furtado.
Ainda segundo o especialista, no Brasil, por ano, nascem 23 mil crianças com problemas no coração. “Dessas, mais da metade deveria ser operada no primeiro ano de vida e no Brasil. Mas existem apenas 11 centros que fazem esse tipo de cirurgia, sendo que a maioria deles está localizada no Sul do País”, destacou Henrique Furtado.