Um jabuti entregue à Guarda Metropolitana foi recebido pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e encaminhado para reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres, na quarta-feira, 03, após período de observação médica-veterinária. O animal foi entregue voluntariamente, mas estava todo pintado com tinta, aparentemente acrílica e apresentava vestígios de estar sendo criado ilegalmente em cativeiro, numa casa.
O Naturatins tranquiliza a população, que já foram tomadas as providências cabíveis ao caso. Para não haver equívocos, incitar, cooperar com possíveis injustiças ou atos voluntários de respostas, aos maus tratos sofridos pelo animal, o Instituto tem o compromisso de preservar a identidade da pessoa, toma consciência do seu papel ambiental e realiza a entrega voluntária da espécie. Nesse caso foi considerado apropriado, ainda, não divulgar as cores utilizadas.
A supervisora de Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, falou da complicação desse caso. “É preciso ficar claro é que ao ter um animal silvestre em casa, de forma ilegal, a pessoa está cometendo um erro muito grande. Além do animal perder a sua função biológica, a sua função na natureza, esse animal tem 99% de chances de sofrer maus tratos”, pontuou.
A veterinária explicou que, maus tratos, pode ser caracterizado de várias maneiras. A primeira é a questão da saúde. Como a pessoa está ilegal, tende a ter medo de levar o animal no veterinário e as vezes não tem condições financeiras de oferecer cuidados preventivos. Outra questão é a nutricional, pois geralmente é dada alimentação humana.
“Isso traz muitos malefícios à espécie para o resto da vida. Quando o bichinho é filhote, ele necessita de algumas vitaminas e aminoácidos essenciais, que vão ser decisivos ao seu desenvolvimento. Então a falta destes nutrientes, nesta fase da vida, pode gerar sequelas muito graves, por exemplo, o jabuti sofre muito a falta de vitamina A e essa carência pode ter como consequência a cegueira do animal, o desordenamento do crescimento do casco e assim ficar todo deformado. Isso é muito difícil de reverter mais tarde”, alertou Grasiela Pacheco.
A supervisora explicou que a outra maneira de perceber os maus tratos é em relação ao desenvolvimento do comportamento natural da espécie, o aninal não pode ser privado de seu comportamento natural. Também deve ser oferecida alternativas, como local para banho de sol, proteção do sol, local para interagir com a água, piso adequado para sua locomoção, ou seja, ambiente que atenda às particularidades da espécie.
A equipe técnica da Supervisão de Fauna do Instituto considera estes fatores importantes para os répteis que dependem da termorregulação para sobreviverem. E como os jabutis são animais silenciosos, rústicos e resistentes acabam sendo alvos frequentes de maus tratos. Muitas vezes ficam esquecidos no quintal, alimentando-se de fezes de outros animais e em privação de água.