O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) está coordenando um grupo especial de trabalho, com a participação de órgãos ambientais e organizações não governamentais, com objetivo de garantir a preservação de nove espécies da flora e fauna criticamente ameaçadas no cerrado tocantinense. Durante esta semana, foram realizadas oficinas de trabalho envolvendo todos os parceiros da empreitada.
As oficinas, que encerram nesta sexta-feira, 13, culminarão com a elaboração do Plano de Ação para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT). Segundo o biólogo Oscar Barroso Vitorino Junior, inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, o levantamento das espécies alvos do Plano de Ação, foi feito de acordo com a avaliação do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do Ministério do Meio Ambiente. Uma expedição de campo também foi realizada para comprovar os dados.
O grupo de trabalho é formado por profissionais que atuam na área de conservação e pesquisadores ambientais da UEM - Universidade Estadual de Maringá (PR), Universidade Federal de Tocantins (UFT), Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado de Tocantins (Ruraltins), Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), ICMBio, Naturatins e Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), agente executor do Plano.
Oscar Vitorino explica que, em linhas gerais, o Plano apresenta uma abordagem territorial que permite focar em espécies de flora e fauna e unifica metodologias implementadas com sucesso pelo JBRJ e ICMBio. São quatro espécies de flora contempladas no Plano, sendo elas Angelonia alternifolia, Diplusodon gracilis, Bromelia braunii, Polygala pseudocoriacea; e cinco da fauna: Baryancistrus niveatus (peixe), Baryancistrus longipinnis (peixe), Paratrygon aiereba (raia), Scolopendropsis duplicata (invertebrado), Bachia psamophila (réptil).
O biólogo Eduardo Ribeiro dos Santos, coordenador de Pesquisa Agropecuária da Unitins, informa que durante as oficinas foi discutido o futuro dessas espécies alvos. “Tivemos uma expedição de campo, com coleta botânica e essas espécies estão armazenadas e estamos elaborando ações para saber como conservá-las”, resume.
A veterinária do Naturatins, Grasiela Alves Pacheco, diz que a equipe de trabalho está tendo uma oportunidade única. “Estamos elaborando um Plano de Ação que já conta com aporte financeiro para começarmos a realizar mudanças significativas, ir para campo e fazer acontecer, não ficar só na teoria”, empolga-se. Ele diz ainda que as nove espécies alvo do Plano são chamadas de “guarda-chuva”, porque têm reflexo direto na vida de outras espécies, “Protegendo elas, protegemos as demais e com isso atingiremos bastante de nosso território”, finaliza.
Analista ambiental da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (ICMBio), Ana Carolina Sena Barradas, também comemora a realização das oficinas para elaboração do Plano de Ação. “A importância desse evento é reunir diferentes atores da área ambiental, das diferentes esferas de governo, que têm conhecimento sobre os problemas e as ameaças e potencialidades da área ambiental do Tocantins, para juntos construir um plano para diminuir o avanço da degradação e oportunizar a conservação de espécies chaves para o cerrado”, sintetiza.
Oficinas
As oficinas para elaboração do PAT - Plano de Ação para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins teve início no último dia 10 e termina nesta sexta-feira, 13, no auditório do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado de Tocantins (Igeprev), em Palmas. O grupo de trabalho está sendo coordenado pelo Naturatins, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção. O Pró-Espécies atua em todo o território nacional, sendo executado por diversos parceiros em cada Estado.
O Plano de Ação elaborado para o cerrado tocantinense vai contribuir para a proteção de espécies criticamente em perigo mediante a elaboração do plano de ação que procura minimizar os impactos dos vetores de pressão sobre território, visando sua conservação e manejo com engajamento de atores locais.
Expedição de campo
Entre os dias 10 e 23 de janeiro deste ano foi realizada uma expedição com objetivo de buscar informações sobre a situação de conservação das quatro espécies da flora tocantinense classificadas como ameaçadas. Também foi feita coleta amostras botânicas para melhorar o conhecimento florístico do território tocantinense e de unidades de conservação, além de registrar vetores de pressão incidentes sobre a flora da região. A equipe técnica foi composta por pesquisadores do CNCFlora/JBRJ, Unitins, Naturatins, UEM e Universidade de Brasília (UnB).
GEF
O Projeto é financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), sob a coordenação do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do MMA. É implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora.