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Polí­tica

Candidato a prefeito de Palmas, João Helder Vilela

Candidato a prefeito de Palmas, João Helder Vilela Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Candidato a prefeito de Palmas, João Helder Vilela Candidato a prefeito de Palmas, João Helder Vilela

João Helder Vilela, conhecido como Vilela do PT é o candidato do Partido dos Trabalhadores em Palmas. Refutando a ideia de que Palmas é uma cidade conservadora e que a boa votação do presidente Bolsonaro na capital pode atrapalhar uma vitória da legenda na Prefeitura, Vilela sustenta sua campanha no plano de governo com cinco eixos que prioriza o social, o desenvolvimento urbano e econômico da cidade com a participação da população, e principalmente o trabalhador. Confira a entrevista na íntegra! 

Apesar de um nome tradicional dentro do Partido dos Trabalhadores e pioneiro em Palmas, o senhor nunca exerceu cargo político e é empresário. Por que se candidatar a prefeito de Palmas? Em que aspecto sua experiência na iniciativa privada poderá ajudar na gestão de Palmas caso seja eleito?

Inicialmente quando vim para Palmas em 1989 eu tinha saído de um mandato de vereador onde fui presidente da Câmara em Minas Gerais e elaborei o Plano Municipal de Desenvolvimento Integrado do meu município. Com relação a experiência, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual de Investimentos longo e curto prazo eu tenho experiência sim. A verdade é que nessa época, todos nós que mudamos para Palmas, na intenção era prosperar e crescer junto com a cidade, para ter uma cidade mais equilibrada, mais justa, onde não tivesse as mazelas, os erros e a incompetência do conjunto de problemas que vários municípios brasileiros tem como: saneamento básico, falta de água, planejamento.

Com relação a minha experiência, acredito que posso somar muito no sentido de que, em se tratando de ser da iniciativa privada, a gente observa que 46% dos empresários que se lançam na iniciativa privada sucumbem nos dois primeiros anos. Eu posso somar com Palmas no sentido de dar mais eficiência, equilíbrio fiscal, programação voltada para o social, para a saúde, transporte. 

Entendi, por isso, que posso fazer melhor. Quando dizemos que Palmas é uma cidade programada, planejada, entendo que existem duas Palmas. A que a gente conhece, que tem belezas, que tem jardins, e a que não tem nada. Que não tem água, esgoto, asfalto, quando tem encanamento, não tem água. Isso tudo faz parte da gestão pública. 

Entendemos que a eficiência da gestão pública é cerca-se de pessoas eficientes. Cada pessoa diretamente ligada a sua área específica do conhecimento e experiência. Por isso acredito que tenho condição de fazer melhor. 

Em entrevistas o senhor tem afirmado que sua candidatura a prefeito de Palmas vem como contraponto à política neoliberal. Neste sentido, o que pretende fazer de diferente, caso se eleja?

Vou cumprir os princípios constitucionais onde saúde e educação, habitação são de responsabilidade do Estado. Porque na política neoliberal, se você tem dinheiro você tem casa, tem educação, segurança, tem saúde. Se não tem dinheiro só tem o trabalho, com esse salário que não está dando nem para o alimento e daí você não tem nada. Sendo que essa é a responsabilidade do Estado brasileiro. 

Nós vamos valorizar os servidores públicos, garantindo seus direitos trabalhistas, que foram conquistados a duras penas. Vamos combater a política neoliberal, porque vamos valorizar o trabalho, porque quando o trabalhador é valorizado e tem dinheiro ele pode assumir compromissos, comprar produtos duráveis, carro, eletrodomésticos. 

Vejo que a mola do desenvolvimento é exatamente o trabalhador, porque quando ele adquire um bem, ele movimenta o comércio, a indústria, os pilares da produção. 

Queremos criar mais vagas de emprego, por exemplo, na área do turismo. Temos um lago maravilhoso, temos a serra, vários tipos de áreas para exploração turística, inclusive o turismo de negócios que pode ser exercido na capital, simplesmente adotando uma política de regularização fundiária para fins de garantia de investimento, e uma política de regulamentação de uso. São coisas que a Prefeitura pode fazer que estamos ficando para trás nesse sentido, estamos perdendo o bonde da história. Com relação a essa política, vamos transformar o aterro sanitário em grande fonte de produção de energia. Temos que cuidar do meio ambiente igual cuidamos da nossa família. Do jeito que está a produção de lixo, o desrespeito as leis naturais, já que o capitalismo e a política neoliberal não respeitam nada, nem o trabalho, a natureza, só pensa em aumentar e crescer o capital. Vamos fazer uma política mais justa nesse sentido, cuidando da saúde, educação, segurança e habitação, como uma política de estado. 

Na convenção do partido o senhor falou que a legenda quer uma cidade mais equilibrada onde o trabalhador esteja inserido dentro do programa de desenvolvimento".  Como pretende fazer isso?

Vou fortalecer de forma significativa o Banco do Povo, para que possa dar suporte aos micro e pequenos empreendedores, criando assim uma base de produção, um centro de distribuição atacadista, incentivando o turismo, o turismo de negócio e também o segmento da economia criativa. 

Vamos incentivar também a instalação de grandes empresas com o objetivo de geração de emprego e distribuição de renda. A cidade só desenvolve a partir do trabalhador, do desenvolvimento integrado entre a indústria, o comércio e o trabalho.

Sabemos que a base da produção, que é a natureza, o capital e o trabalho estão inseridos em um tripé da produção e do desenvolvimento e a gente só consegue mover essa roda se o trabalhador tiver um bom emprego, ganhando bem. Para isso vamos incentivar a evolução e a instalação de empresas ligadas ao ramo da informática, telecomunicações. Empresas inovadoras, incentivando a instalação de um parque tecnológico. 

Também durante a convenção o PT apresentou um plano de governo para Palmas. Quais os pontos principais desse plano?

A espinha dorsal do desenvolvimento humano que apresentamos é dividido em cinco grandes eixos. O primeiro é a política de desenvolvimento econômico, meio ambiente e recursos naturais. 

O segundo é a política de desenvolvimento urbano, direitos a cidade e habitação. O terceiro é o desenvolvimento social, que envolve educação, saúde, assistência social, defesa dos direitos da mulher, combate ao racismo, juventude, cultura e lazer, representado pela construção de praças e grandes centros de convívio e eventos. E direitos humanos. 

O quarto eixo estabelecido no plano de governo são as políticas de governança e gestão. E o quinto é a política de desenvolvimento científico, tecnológico e inovação apresentado na convenção e de conhecimento público. 

Nas últimas eleições presidenciais o candidato do PT, Fernando Haddad conseguiu ganhar no Tocantins no segundo turno, mas perdeu em Palmas, onde Bolsonaro é forte. O senhor acredita que esse apoio ao presidente pode prejudicar uma candidatura do PT na Capital?

Não acredito que essa característica da capital Palmas venha a trazer prejuízos para política do PT. Cada eleição é uma. Da última eleição para cá existia muita expectativa grande em relação ao presidente Jair Bolsonaro que se transformou em ódio e medo. O povo hoje vive ou com ódio do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do (juiz) Sérgio Moro, da Venezuela, ou então com medo de ser assaltado. A gente pode observar que a criminalidade aumentou significativamente. Nós observamos que, no passado, o Bolsonaro estava apresentando a expectativa do povo comprar armas, mas o trabalhador não quer comprar armas, ele quer comprar alimentos para sua família. 

Essa política de hoje vai representar a reconciliação do trabalhador com o partido que defende e defendeu ele durante todos os tempos. Vai reaproximar o trabalhador do seu partido, visto que nos últimos tempos o trabalhador tem perdido muito dos seus direitos conquistados, perdidos com uma única mobilização no Congresso. 

Por isso acredito que esse momento é favorável ao Partido dos Trabalhadores no sentido de que vai reconciliar o trabalhador com quem sempre o defendeu e uma reconciliação social entre o rico e o pobre, o trabalhador, o empresário, o patrão. 

Vemos que na condição que estamos vivendo hoje, uma economia onde o trabalhador está perdendo seu poder de aquisição, a economia só anda para trás. 

Só para se ter uma ideia Sérgio Moro no passado era o grande salvador da pátria, o homem que lutava contra a corrupção e hoje ele é o vilão da história. Hoje, as pessoas que aprenderam a ter uma verdadeira adoração ao Sérgio Moro estão com raiva dele. 

A espinha dorsal e desenvolvimento de qualquer nação e os poderes constituídos no Brasil estão muito consolidados, porque se não, corremos o risco de ter que lutar em um período próximo, defender a Constituição, a democracia, porque se a gente não defender os princípios basilares da nossa sociedade a gente entra em um risco de colapso total. 

Hoje essa consciência existe, exatamente porque essas políticas públicas estabelecidas pelo governo Bolsonaro atacam os pilares que sustentam a nossa democracia, que foi concebida a duras penas, depois de longas décadas nas mãos da Ditadura Militar. 

Acho que cada eleição é única. Hoje vai ser o reencontro do trabalhador com o partido que sempre o defendeu. 

Legendas de esquerda e de oposição à atual prefeita de Palmas estão apoiando a candidatura do pevista Marcelo Lelis para a Prefeitura e o PT vem isolado na disputa. Não houve diálogo com o PCdoB nem com o PDT? O que aconteceu? 

Em razão das cláusulas de barreira que estão previstas para 2022, os partidos tem feito um esforço máximo para ver se conseguem um espaço para sobreviver. Nesse momento é natural que os partidos tenham candidatura própria ou se unam fora do eixo do PT, porque o PT é o maior partido nacional. 

Nesse sentido os outros partidos para cumprir a legislação precisam se fortalecer e o mecanismo para fazer isso acontecer foi juntando, coligando entre os menores que o Partido dos Trabalhadores. 

Palmas passa, assim como o restante do País, por crise econômica e de saúde, causadas por conta da pandemia da Covid-19. Caso seja eleito, o senhor começará seu mandato em 2021, quando ainda podemos estar vivendo um cenário de pandemia. Como pretende lidar com essa situação?

O Partido dos Trabalhadores sempre defendeu a vida em primeiro lugar. O PT foi protagonista na implantação do auxílio emergencial e continuaremos lutando para ampliar o auxílio caso essa pandemia continue. 

As ações preventivas focadas na ciência com base em dados estatísticos serão o eixo que irá nos levar a tomar decisões e promover ações concretas em relação também ao transporte público, que é um foco, onde se tem aglomerações e a Prefeitura pode atuar nesse sentido. 

As ações serão realizadas em consonância com os setores diretamente atingidos, isso porque é preciso que toda a sociedade tome consciência da periculosidade do vírus e todos participem coletivamente dessa luta. Sem que a Prefeitura tome decisões de escritório fechado. Devemos promover ações mitigadoras para os setores e as pessoas diretamente atingidas.  

Na contramão das propostas ideológicas defendidas pelo PT, hoje a Capital tem um cenário político conservador, com uma maioria de vereadores que defendem valores tradicionais. Até mesmo as candidaturas à Prefeitura Municipal vêm com projetos conservadores. Como o PT se diferencia desses candidatos?

Palmas, no meu ponto de vista, não é uma cidade conservadora. Na verdade o que a gente entende como conservadorismo é a implementação e a sobrevivência de uma dinastia política estabelecida há décadas, onde famílias inteiras se compõem politicamente, se juntam, mesmo com a diversidade ideológica, para se manterem no poder. Acredito que Palmas vai reencontrar o desenvolvimento com as políticas públicas estabelecidas pelo Partido dos Trabalhadores durante o tempo que foi governado pelo presidente Lula, na presidência da República e Raul Filho em Palmas. 

A cidade nunca desenvolveu tanto em tão pouco tempo quando administrada pelo PT. Todos nós temos a lembrança e temos também o registro de que a política social que foi desenvolvida no Brasil e em especial em Palmas, trouxe grande desenvolvimento para a sociedade. Para o banqueiro, para o bancário, empresário, trabalhador, patrão. Todos desenvolveram e cresceram. 

O único caminho que temos para o desenvolvimento é exatamente inserir o trabalhador dentro do orçamento público, onde ele possa participar ativamente do setor de consumo. Para isso acontecer, para ele ter condições de consumo, o salário tem que ter ganhos reais e progressivos, fomento do desenvolvimento, através da geração de emprego, e coisas dessa natureza. 

Eu resisto em pensar que Palmas é uma cidade conservadora, se a gente olhar há pouco tempo atrás Palmas já foi governada pelo PT, logo depois quem ganhou a Prefeitura foi o PSB, são partidos que não são conservadores, são liberais, democráticos. O fato de que o Bolsonaro ter sido bem votado na Capital não podemos ligar ao fato de que Palmas é uma cidade conservadora. Somos uma cidade que sonha e que tem esperança, que vive a retomada do desenvolvimento através de uma política social. 

Como avalia a gestão da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSBD)?

A prefeita Cinthia fechou os olhos para os problemas que afligem a nossa população de baixa renda. Ela se distanciou do povo quando deixou de ouvir o povo, quando deixou de investir no Orçamento Participativo, não permitiu que a população fizesse parte do seu governo. Nessa mesma direção ela foi muito benevolente com o cartão corporativo e com funcionário fantasma. Mas quem deve fazer a avaliação dela nas eleições é a população de Palmas. Essa resposta é muito particular.