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Cultura

Poucas carreiras no cinema são tão interessantes e diversas quanto aquela das irmãs Lana e Lilly Wachowski. Desde o sucesso rápido com um dos filmes mais importantes da década de 90, cada projeto foi marcado por elementos interessantes e controversos; independente da qualidade do produto final, diga-se de passagem.

Aproveitando o lançamento de Matrix Resurrections, que marca a primeira vez em que Lana Wachowski dirigirá um filme sozinha, aproveitamos para revisitar a carreira das irmãs e reavaliar cada um de seus distintos projetos para o cinema (então, não há Sense8 nessa lista).

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8. O Destino de Júpiter (2015)

Em seu primeiro projeto 100% original desde a conclusão da trilogia Matrix em 2003, as Wachowskis arriscaram para um caminho ousado e divertido: a fantasia de ficção científica. Bebendo da fonte de obras como Flash Gordon e o próprio Star Wars de George Lucas, O Destino de Júpiter é um filme prejudicado pela confusão tonal: tem uma premissa interessante, mas que não se decide se vai pelo caminho do épico sério ou da chacota satírica, algo muito bem representado pelo contraste na performance sisuda de Mila Kunis e o show de macarronada de Eddie Redmayne como o espalhafatoso vilão do filme. O resultado é misto, mas deve-se elogiar o excelente resultado técnico e visual.

7. Ligadas pelo Desejo

Antes de receberem as chaves do reino para fazer o sonhado projeto da Matrix, as Wachowskis provaram seu valor com o primeiro filme. Ao lado do produtor Joel Silver, que já havia apostado nas irmãs como roteiristas de alguns filmes de ação, a dupla bolou um thriller criminal com elementos de noir que é bastante original, divertido e aproveita as ótimas performances centrais de Jennifer Tilly e Gina Gershon. Não é um filme ruim de forma alguma, mas em uma carreira cheia de outros ápices em gêneros diferentes, o bom Ligadas pelo Desejo acaba ficando um pouco mais para trás.

6. Matrix Resurrections (2021)

Sem Lily Wachowski pela primeira vez, Lana constrói uma inesperada e complicada continuação da trilogia Matrix. Indo pelo caminho estimulante da metalinguagem, Matrix Resurrections reavalia todos os conceitos da trilogia e justifica sua existência através de uma trama mais emocional, que reinventa jornadas e elementos de seu universo de forma impressionante. Fica devendo no quesito das cenas de ação, que certamente são mais fracas do que aquelas vistas na trilogia original, mas agrada pela força das ideias e o comprometimento do elenco, ancorado por uma performance maravilhosa de Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss.

5. Speed Racer (2008)

Um filme que cresce com o tempo. Em seu lançamento, não era um grande admirador da adaptação das Wachowskis do famoso anime sobre corridas de carro insanas, mas agora - em tempos onde o cinema blockbuster está abraçando o convencional monótono em formalismo - Speed Racer parece um pequeno milagre. É um dos grandes exemplos de o cinema assumir a linguagem de outra forma de arte, onde as Wachowskis adotam câmeras, diálogos e visuais tipicamente vistos em desenho animado, construindo uma experiência imensamente vibrante e colorida - mas que realmente se sobressai com o lindo trabalho dramático com os arcos entre Speed e sua família, além da inesperada crítica ao corporativismo. Um filme que merece ser redescoberto, com certeza.

4. Matrix Reloaded (2003)

Uma das mais aguardadas continuações da História do cinema recente. Após o gigantesco sucesso do primeiro filme, as Wachowskis bolaram uma continuação em duas partes que começa com o explosivo Matrix Reloaded, que entrega tudo o que poderíamos esperar na superfície: cenas de ação verdadeiramente espetaculares e que se destacam como as melhores da trilogia, desde a perseguição de carros na via expressa até a insana luta de Neo contra um centena de agentes Smith. No que diz respeito à história, Reloaded oferece uma narrativa desconjuntada, mas que fica melhor ao entendermos que seu objetivo é analisar a própria jornada do herói, questionando tudo o que o anterior havia colocado em pauta. Não é um filme fácil à primeira vista, mas que se torna mais fascinante (e divertido) com múltiplas revisões pelo caminho.

3. Matrix Revolutions (2003)

É isso aí. Geralmente, Reloaded é visto como a melhor das continuações do original, mas argumento que toda a recompensa pelo investimento na história realmente está aqui. Revolutions é mais sombrio e direto ao ponto, passando muito mais tempo no mundo real do que na titular Matrix, mas o faz com um investimento genuíno em seus personagens e narrativas, oferecendo muito no arco de Neo enfim confrontando as máquinas, mas também surpreendentemente nos fazendo ligar para a população de Zion - que enfrenta uma batalha verdadeiramente épica contra um exército de sentinelas. Por mais que Resurrections tenha sido uma bela revisitada, Revolutions é uma conclusão superior e verdadeiramente bela para a jornada de Neo e o conceito do Escolhido.

2. A Viagem (2012)

Sem sombra de dúvida o projeto mais ambicioso da carreira das Wachowskis, e que merece grande reconhecimento. Ao lado do diretor Tom Tykwer, as irmãs adaptam o livro de David Mitchell sobre uma narrativa que atravessa 6 períodos diferentes na História da Humanidade, oferecendo conexões surpreendentes entre seus personagens e arcos narrativos. Uma experiência pesada e altamente catártica, especialmente pela belíssima trilha sonora que reprisa o tema do Sexteto de Cloud Atlas no título original. Se há uma reclamação, é apenas no visual altamente cartunesco das maquiagens para levar astros como Tom Hanks, Hugo Weaving e Halle Berry em diferentes etnias ou períodos temporais, mas é um grande filme.

1. Matrix (1999)

Não há outra resposta. Na carreira de muitos cineastas por aí, Matrix indubitavelmente seria o ápice da vida. É um filme revolucionário que juntou conceitos de ficção científica e filosofia oriental com cenas de ação espetaculares e efeitos visuais que ajudaram a mudar o curso da Hollywood contemporânea; popularizando os rostos de Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Laurence Fishburne e Hugo Weaving. Um filme inesquecível que serve como uma das melhores representações da Jornada do Herói no audiovisual, e o faz com a precisão de um pipocão de respeito.