Jovens indígenas que estudam no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix), em Tocantínia, receberam, nessa segunda-feira, 26, a cartilha sobre Eleições produzida pela Justiça Eleitoral do Tocantins para o povo Akwẽ. Traduzida na língua materna xerente, a publicação bilíngue faz parte da 3º edição de uma coletânea desenvolvida especialmente para os indígenas do Tocantins e disponibilizada nas quatro línguas faladas pelos povos originários do estado.
Iniciativa faz parte do Programa de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas no Tocantins, que este ano distribuiu 5 mil cartilhas bilíngues nas línguas faladas pelo Povo Panhi - Apinajé, Povo Iny - Karajá, Javaé e Xambioá, Povo Mehí - Krahô e Povo Akwẽ - Xerente. O material disponibiliza informações de forma simples para facilitar a compreensão sobre o sistema eleitoral e, principalmente, reforçar a importância do voto para o fortalecimento da democracia brasileira e para a representatividade dos povos indígenas.
Durante a ação no Cemix de Tocantínia, os jovens indígenas das aldeias Brejo Comprido, Porteira, Lajeado, Rio Sono e Funil também puderam participar de uma votação simulada. Com urnas posicionadas no centro da escola, os estudantes escolheram personagens fictícios para treinar a ordem do voto e o tempo de conferência. Experiência válida tanto para quem vai votar pela primeira vez - como é o caso do estudante Kiris Srãwe Xerente, que tem 17 anos e compartilha estar “ansioso para o voto” - quanto para quem ainda não vota, mas quer se preparar, como a Hayka Wakntidi Brito Xerente, de 15 anos, que diz estar preparada a partir de agora: “perdi o medo de errar e agora já aprendi como dar meu voto”.
Juiz eleitoral da 13ª Zona Eleitoral e coordenador do Programa, Wellington Magalhães destacou que a ação é educativa e visa despertar o interesse do público jovem e estimular a compreensão acerca do processo eleitoral brasileiro. Segundo ele, “a ação de hoje levou em consideração a importância da participação do jovem indígena nas eleições. Reunimos os estudantes do ensino médio e fundamental para que nós pudéssemos conversar sobre a importância do voto e o fortalecimento da participação do indígena no processo político democrático”, registrou.
Para o diretor do Cemix Warã, Armando Sõpre Xerente, a abordagem bilíngue facilita a compreensão e consequentemente o trabalho dos professores na promoção da pauta dentro do centro de ensino. “Com a cartilha a gente vai refletir e pensar na nossa língua e isso é emocionante. Esse livro vai ajudar os professores na conscientização dos estudantes e eu creio que vai ajudar muito até pra gente entender mesmo o que é a democracia, na nossa língua, como podemos participar e como podemos contribuir”, disse.
Ainda nesta segunda-feira, a equipe do TRE-TO visitou a aldeia Funil e entregou a cartilha ao cacique Elso Krensu Xerente.