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Cotidiano

Diante de dois ataques cometidos em escolas brasileiras nos últimos dias, um levantamento do Instituto Sou da Paz sobre ataques a escolas com uso de armas de fogo mostra que, nos últimos vinte anos, foram 12 casos que causaram 34 mortes e 59 vítimas não fatais. Já os ataques em escolas com o uso tanto de armas brancas quanto de fogo, no mesmo período, somaram 23, dez deles só nos últimos oito meses, segundo um estudo em andamento do Grupo de Ética, diversidade e democracia na escola pública, do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp. 

De acordo com Carolina Ricardo, diretora executiva do Sou da Paz, e Danielle Tsuchida, coordenadora de projetos, em artigo de opinião publicado no portal da CNN, duas questões recorrentes entre os autores dos ataques são o relato bullying e a subcultura de ódio que incentiva à violência, criada nos ambientes digitais. Essa subcultura, aliada à mudança na sociabilização de crianças e jovens, muito mais mediada pelo mundo digital, coloca um novo desafio para família, escola e estado: como supervisionar e apoiar esse uso da internet de forma a torná-lo mais saudável e minimizar o risco de envolvimento nessa cultura violenta, com incitações ao racismo, homofobia, misoginia e intolerância religiosa. É urgente que esse tema seja tratado por políticas públicas, assim como devem ser impostos regulamentos melhores das plataformas digitais onde crianças e jovens se encontram, conversam, idolatram discursos extremistas e planejam possíveis ataques, além de endeusar autores de ataques anteriores. 

Para Carolina, uma estratégia de prevenção de novos casos precisa ir fundo nas raízes do problema que tem provocado esse tipo de comportamento entre crianças e jovens. “As escolas precisam ter condições de atuar a partir de relações construídas na base da cooperação e empatia e profissionais com capacidade de lidar com questões de saúde mental. Para isto, a presença do estado é fundamental para investir na qualidade do ensino com formação, remuneração justa e contratação de mais profissionais. É necessário que este trabalho se dê em rede, mobilizando as áreas da saúde e assistência social", diz.

Levantamento do Instituto Sou da Paz sobre ataques com uso de armas de fogo em escolas brasileiras nos últimos 20 anos (atualizado em 06/04/2023)

Tipo de local

Nome do local

UF

Local

Data

Nº de vítimas não fatais

Nº de vítimas fatais (inclusive atiradores)

Nº agressores

Relação com o local

escola

Colégio Sigma (particular)

BA

Salvador

28-out-2002

0

2

1

Aluno

escola

Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz

SP

Taiúva

27-jan-2003

8

1

1

Ex-aluno

escola

Escola Municipal Tasso da Silveira

RJ

Rio de Janeiro

7-abr-2011

13

12

1

Ex-aluno

escola

Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão

SP

São Caetano do Sul

22-set-2011

1

1

1

Aluno

escola

Escola Estadual Enéas Carvalho

PB

Santa Rita

11-abr-2012

3

0

1

Aluno

escola

Escola Goyases (particular)

GO

Goiânia

20-out-2017

4

2

1

Aluno

escola

Colégio Estadual João Manoel Mondrone

PR

Medianeira

28-set-2018

2

0

2

Aluno

escola

Escola Estadual Raul Brasil

SP

Suzano

13-mar-2019

11

10

2

Ex-aluno

escola

Estadual Orlando Tavares

MG

Caraí

11-jul-2019

2

0

1

aluno

escola

Colégio Municipal Eurides Sant'Anna

BA

Barreiras

26-set-2022

0

1

1

aluno

escola

Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes

CE

Sobral

5-out-2022

3

1

1

aluno

escola

EEEFM Primo Bitti, e na escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC)

ES

Aracruz

25-nov-2022

12

4

1

Ex-aluno da EEEFM Primo Bitti

Número de ataques com armas de fogo divididos por mandatos presidenciais:

Presidente

Casos

Vítimas Fatais

FHC

1

2

Lula 1 e 2

1

1

Dilma

3

13

Temer

2

2

Bolsonaro

5

16

Total

12

33