Sob o impacto do anúncio do governo Donald Trump da taxação de 50% sobre a importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro assume a liderança do Índice Datrix de Presidenciáveis (IDP) em julho. No ranking divulgado em junho, Michelle estava em 6º lugar. Agora desponta na primeira posição no levantamento, depois de mais que dobrar sua pontuação e alcançar o maior engajamento digital do mês. O resultado reflete a reorganização do cenário político nas redes, influenciado tanto pelo tarifaço de Trump e pela cúpula do BRICS no Brasil como pelas disputas internas na base de direita e pela intensificação das viagens de Michelle pelo país.
O IDP, elaborado pela startup de inteligência de dados digitais Datrix, mede a performance de pré-candidatos à Presidência da República com base no desempenho de redes próprias, menções por terceiros (o chamado “mar aberto”) e a totalidade geral do debate digital. Michelle está bem posicionada nas redes sociais. Só no Instagram tem 7,3 milhões de seguidores e mais de 600 mil no TikTok.
A ex-primeira-dama atingiu 27,15 pontos no IDP, posição impulsionada por um crescimento de 50% no engajamento de suas redes sociais. Mesmo com o avanço, enfrentou pressão reputacional após ser derrotada na Justiça em um processo contra a influenciadora Teônia Mikaelly Pereira, que a chamou de "ex-garota de programa" em um vídeo mantido no ar por decisão judicial. Ainda assim, agendas próprias e sua atuação à frente do PL Mulher garantiram visibilidade digital contínua.
Segundo a Datrix, os dados reforçam o peso crescente das redes próprias como ativo estratégico. “O colchão reputacional digital se tornou fundamental para mitigar crises, sustentar crescimento e transformar capital simbólico em influência política”, afirma João Paulo Castro, CEO da Datrix.
Já o presidente Lula subiu da terceira para a segunda colocação – de junho para julho – com 21,20 pontos, posição sustentada pelo crescimento nas redes próprias e por menções favoráveis durante a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro. Suas críticas ao tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lidas como defesa da soberania nacional, impulsionaram o desempenho no ambiente digital, mesmo diante de críticas à política econômica.
Ratinho Jr. e Tarcísio de Freitas, que ocupavam as primeiras posições em junho, sofreram queda de 37% cada um. Ambos foram pressionados por críticas ligadas ao tarifaço e à postura diante da proposta de anistia a apoiadores do 8 de janeiro, tema que provocou embates internos na base conservadora. O silêncio de Ratinho Jr. e a aproximação de Tarcísio com figuras ligadas a Donald Trump contribuíram para sua perda de reputação digital.
Eduardo Bolsonaro apresentou a maior queda proporcional do mês, com retração de quase 40%. Caiu da 4ª posição em junho para a 5ª no mês passado. Em visita aos Estados Unidos, defendeu o tarifaço e cobrou publicamente anistia para os condenados por envolvimento nos atos antidemocráticos, o que desencadeou críticas tanto de aliados quanto de opositores.
Ciro Gomes, Eduardo Leite, Ronaldo Caiado e Romeu Zema completam o ranking. Ciro teve melhora no mar aberto, mas queda nas redes. Leite avançou como alternativa moderada, enquanto Zema segue na lanterna, afetado por críticas ao reajuste salarial de quase 300% concedido a si próprio, ao vice-governador e a secretários em Minas Gerais.
Sobre o IDP – Índice Datrix de Presidenciáveis
O IDP mede semanalmente a performance digital dos principais nomes cotados para a eleição presidencial de 2026. A metodologia combina três dimensões: redes próprias (engajamento direto), mar aberto (menções por terceiros) e tonalidade (positiva ou negativa). A pontuação varia de -100 a +100. O índice é produzido com base na análise automatizada de milhões de conteúdos publicados em redes como X (Twitter), Instagram, Facebook, Threads, Bluesky e YouTube.