Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Campo

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

O município de Pedro Afonso, já conhecido por ser um dos maiores produtores de soja do Tocantins, em breve pode se destacar na produção em grande escala de mandioca e frutas em grande escala.

Implantados em 2014, os projetos Reniva (Rede de multiplicação e transferência de manivas – semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária) e Produção Integrada de Frutas (PIF) visam desenvolver a produção de mandioca e a fruticultura em Pedro Afonso e região, com ações de fomento, disseminação de tecnologias, capacitação de produtores, monitoramento e comercialização da produção.

Os beneficiados são produtores da agricultura familiar, que cultivam terras em pequenas propriedades como chácaras e sítios.

A iniciativa é desenvolvida pela Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa) e Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), por meio de um convênio de cooperação técnica, e ainda tem a parceria da Embrapa Pesca e Aquicultura, Embrapa Mandioca Fruticultura, Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins). A intenção, também, é que a Prefeitura de Pedro Afonso apoie o projeto.

Em uma área com dois hectares na Fazenda São Pedro, a 50 quilômetros de Pedro Afonso, cedida pelo agricultor Evanis Roberto Lopes, foi implantado um campo experimental. Atualmente são cultivadas 49 variedades de mandioca, sendo que apenas três vieram de outros estados (Rio Grande do Sul, Bahia e Mato Grosso), além de 12 variedades de banana, sete de maracujá, três de mamão, duas de abacaxi (uma resistente a fusariose), duas de café e uma coleção de citros. Em breve chegarão mais 23 variedades de mandioca indexadas (livres de pragas e doenças) e 16 variedades de maracujá.

Segundo o técnico agrícola Fernando Antônio Teixeira, que acompanha o experimento em Pedro Afonso, os materiais são melhorados geneticamente por pesquisadores da Embrapa Cruz das Almas (BA). Depois que ficam livres de pragas e doenças, as mudas são enviadas para Pedro Afonso, onde se testa a adaptação à região na área experimental. O passo seguinte será a entrega gratuita das mudas aos agricultores, que também terão assistência técnica sem nenhum custo. 

Benefícios para o pequeno

O clima é de otimismo em relação aos resultados que devem ser alcançados com o Reniva e o projeto Produção Integrada de Frutas. Os representantes das instituições destacam que os pequenos agricultores além de terem acesso às mais modernas tecnologias, ainda receberão benefícios econômicos e sociais.

“As pesquisas são totalmente focadas na sustentabilidade do pequeno agricultor. Eles vão contar com novas tecnologias e variedades livres de pragas. A intenção é que produzam mais, garantam a alimentação da família e ainda melhorem a renda com a venda da produção excedente”, explica o presidente da Coapa, Ricardo Khouri.

O diretor de Políticas para a Agricultura e Agronegócio da Seagro, José Américo Vasconcelos, ressalta que os projetos são importantes porque levam técnicas modernas aos agricultores familiares. “Na mandiocultura visa ainda, oferecer uma seleção e multiplicação de variedades mais produtivas e livres de pragas e doenças, e na fruticultura demonstrar, através de vitrines, o manejo apropriado de cada cultura”, detalhou.

Alexandre Aires de Freitas, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Aquicultura e Pesca, lembra que o trabalho feito em parceria com a Coapa e outras instituições parceiras é mais efetivo já que atende uma demanda apresentada diretamente pelos produtores locais. O pesquisador destaca, ainda, que o experimento permite selecionar as melhores variedades de mandioca e frutas que se adaptam à região. “Quem ganha é o produtor que tem variedades mais produtivas e resistentes”, avalia Alexandre Freitas.

Para o agricultor Evanis Roberto Lopes, o desenvolvimento dos projetos pode contribuir para atender um antigo anseio dos agricultores: a implantação de uma pequena agroindústria para beneficiar a produção regional.

Com a experiência de 12 anos trabalhando com agricultura familiar, inclusive em países africanos, o técnico agrícola Fernando Teixeira lembra que a implantação do Reniva pode colaborar para aumentar a produtividade de mandioca em Pedro Afonso. Atualmente a média de produção é de quatro a cinco toneladas por hectare, número que segundo ele, pode dobrar já no primeiro ano de plantio. “Além disso, os projetos com a mandioca e frutas ajudarão a manter o homem do campo em sua propriedade e até trazer de volta àqueles que foram para a cidade por falta de opção”, lembrou o técnico.

Jornada tecnológica

Os resultados dos experimentos com mandioca e frutas serão apresentados em uma jornada tecnológica no próximo mês de março, em data a ser definida, quando técnicos irão prestar informações sobre resistência a pragas e doenças, produtividade, manejo, entre outros dados relevantes.

A intenção é que algumas mudas de mandioca indexadas sejam entregues a agricultores para uma fase de testes de adaptabilidade.