Plástico, papel, pilhas, baterias, lâmpadas queimadas, metais, papelão, óleo vegetal, lixo orgânico e descartes infectantes têm tido destino específico dentro do Hospital Infantil de Palmas (HIP) há dois meses, quando se colocou em prática o Projeto HIP Recicle. A ação é uma iniciativa da equipe da própria unidade que tem feito a diferença no meio ambiental, social, educativo e cultural.
A coordenadora do projeto, enfermeira Renata Bandeira, conta como tudo começou. “O projeto surgiu da necessidade. Quando vimos a quantidade de resíduos que a gente gerava, tivemos a preocupação com a distribuição, a mistura de resíduos comuns com infectantes e isso nos motivou a criar um projeto de gerenciamento de resíduos”, explicou.
Implantar um projeto piloto como este dentro de um hospital não foi fácil, segundo a coordenadora. “Tivemos inúmeras dificuldades, primeiro por falta de recursos para podermos comprar os recipientes, containers, adesivos. Também não foi tão fácil conseguir a adesão dos funcionários, motivá-los a participar e ver o projeto como possível. Implantar um projeto de reciclagem onde se tem uma grande variedade de resíduos, como em um hospital, é muito difícil. Mas fomos trabalhando com o que tínhamos, fizemos os adesivos, reaproveitamos as lixeiras e remanejamos algumas que estavam em locais desnecessários, também produzimos lixeiras a partir de latas de tintas para descartarmos exclusivamente o papel”, explicou.
Com apenas dois meses de prática, os resultados já começam a aparecer. “Antes produzíamos cerca de 380 quilos de lixo comum por dia, hoje a produção é de no máximo 175 quilos por dia, uma redução de mais de 50%. Destes resíduos comuns, reciclamos mais de 200 quilos diariamente”, explicou Renata.
Benefícios
Além dos lucros financeiros conseguidos por meio da venda dos recicláveis e que ajudam em ações do próprio hospital, a enfermeira destaca outros benefícios. “Ganhamos na educação dos servidores, que acabam levando essa prática pra casa, com redução de sacos, de lixeiras, geramos emprego para pessoas que trabalham em empresas e cooperativas de reciclagem, temos economia no combustível do caminhão que tem vindo menos vezes fazer o recolhimento bem como a redução do volume de lixo que vai para o aterro”, enfatizou.
Na prática, por exemplo, o óleo vegetal que antes era descartado de qualquer forma, agora vai direto para um galão e é repassado a pessoas que produzem sabão. Parte da produção vai para o hospital e é utilizado na limpeza e lavagem de roupas, inclusive dos pacientes internados e acompanhantes.
Colaboração de todos
No Hospital Infantil, todo servidor que vai levar o lixo ao depósito de resíduos, pesa o material, anota na planilha e descarta no recipiente adequado. “A gente é bem orientado e hoje temos uma preocupação que antes não tínhamos na hora de jogar o lixo fora. Já sabemos da importância de se separar cada um”, afirma o auxiliar de limpeza, Alfredo Muniz de Sousa.
Para a diretora geral do HIP, Leiliane Alves, o projeto mudou a vida e os hábitos de todos do hospital. “Temos manias erradas no que diz respeito ao descarte do lixo e eu fui uma das que mais me eduquei com este projeto. Tivemos dois meses de capacitação quando 300 dos nossos 500 servidores participaram e entendemos que é preciso diminuir a produção de lixo, pois o Estado paga por cada quilo. Se mudarmos os hábitos, haverá uma economia significante. Aqui tem dado muito certo e ainda estamos em fase de adaptação”, informou.
O secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, destacou que o objetivo é que a iniciativa seja levada a todas as unidades hospitalares do Estado. “ Se está dando certo no Infantil, pode dar certo nos demais hospitais. Todos os profissionais da unidade estão de parabéns por essa magnífica iniciativa que beneficia a todos nós”, reforçou.