Após a articulação do presidente regional do PSB-TO, Carlos Amastha, que retirou nesta sexta-feira, 5, Vanderlei Luxemburgo da disputa por uma cadeira no Senado, o empresário e ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol emitiu uma carta aberta ao povo tocantinense. Na carta, Luxemburgo conta sua história com o Tocantins, deixa claro que foi apunhalado pelas costas e informa que não irá mais concorrer a qualquer cargo nas eleições desde ano. "Para mim é impensável permanecer aliançado com traidores", afirma Luxemburgo.
O empresário e ex-técnico diz ainda que num primeiro momento pensou em processar o partido, mas que não acionará a justiça para não atropelar a candidatura dos companheiros com quem firmou compromissos e que já têm trabalho desenvolvido. "Vocês sabem como é ter um sonho roubado das mãos? [...] Eu desejo aos companheiros do PSB o melhor: que mantenham os ideais de trabalhar pelo povo do Tocantins".
Na carta, Luxemburgo informa que continuará investindo no Tocantins. "E trabalhando por esse Estado que escolhi para viver. Saio desse processo com a certeza de que construí aliados, amigos e acima de tudo um projeto que já entrou pra história", conclui.
Confira abaixo a carta de Vanderlei Luxemburgo na íntegra:
Caros amigos e amigas,
A maioria de vocês me conhece pela minha atuação como
técnico de futebol, mas me permitam hoje contar um pouco da minha relação com
esse estado que eu tanto amo.
Há 18 anos, vim ao Tocantins pela primeira vez. O encanto pelo seu povo e pela
sua cultura foi imediato. Decidi investir e morar aqui com minha família, e de
alguma forma contribuir com meu conhecimento a esta terra tão rica e cheia de
oportunidades. Com a decisão de morar em Palmas, construí uma relação com a
cidade e decidi contribuir de uma nova forma - através da política.
Uma das minhas grandes vontades é colaborar para tornar o Tocantins um ambiente
propício ao empreendedorismo, e um estado que valorize a sua juventude, fortalecendo
os jovens através do esporte e educação.
Recebi o convite para me filiar ao PSB e com a autorreforma do partido
enxerguei um grupo que se preocupa com as mesmas questões que eu, e que foi
capaz de olhar pra si e fazer as mudanças necessárias. Quando ingressei no
partido, ouvi que eu podia “ser candidato ao que quisesse”, mas encontramos de
forma coletiva o Senado como a alternativa, e como eu poderia contribuir com o
partido e com o nosso estado.
Vale reforçar que a candidatura ao Senado teve o aval da presidência estadual,
através de Carlos Amastha, e da nacional do partido, através de Carlos
Siqueira, e com isso, passei a caminhar pelo Tocantins. Construí alianças e
desenhei um projeto pautado pela renovação e inovação, e fui muito bem recebido
por onde passei.
Nesses seis meses de caminhada, em nenhum momento eu fui convidado pelo PSB
Tocantins para discutir qualquer mudança nas chapas majoritária ou
proporcional. Eu confesso a vocês que não sei em que momento a minha
candidatura ao Senado começou a ser descartada.
Estive em Brasília diversas vezes, com os presidentes nacional e estadual e
tudo parecia certo para esse projeto que se tornou uma alternativa para a
renovação da política tocantinense.
Quando a mudança começou a ser cogitada, não houve diálogo, houve pressão.
Durante as últimas semanas fui instigado a declinar da candidatura, mudar para
deputado federal e inclusive, abrir mão do fundo eleitoral. Não fui convidado a
participar dos diálogos e fui isolado pela presidência. Como complemento à
postura ditatorial, vimos a mudança de delegados nas últimas horas e o
impedimento do uso da fala para defender a candidatura na convenção, num
processo completamente antidemocrático.
Deixo bem claro a todos que não tenho apego ao cargo de senador. Não haveria
nenhum problema em ser candidato a outra vaga, como deputado federal, por
exemplo, caso houvesse uma construção coletiva para tal. A política se faz em
conjunto e as atitudes do presidente do PSB Tocantins mancham a história do Partido
Socialista Brasileiro com uma postura ditatorial e rasteira.
Num primeiro momento, ao ser apunhalado pelas costas, ameacei processar o
partido. Vocês sabem como é ter um sonho roubado das mãos? Mas, a essa altura,
não vou atropelar a candidatura de companheiros com quem firmei compromissos e
que já têm trabalho desenvolvido. Eu desejo aos companheiros do PSB o melhor:
que mantenham os ideais de trabalhar pelo povo do Tocantins.
Por fim, informo que não irei concorrer a qualquer cargo nessas eleições. Para
mim é impensável permanecer aliançado com traidores. Continuarei investindo no
Tocantins e trabalhando por esse estado que escolhi para viver. Saio desse
processo com a certeza de que construí aliados, amigos e acima de tudo um
projeto que já entrou pra história.